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Artigos • 06 jul, 2021

A complicada geometria política ( Marcus Pestana)


A arte da política é produzir consensos progressivos diante das divergências presentes. Líderes como Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Franco Montoro, FHC, Petrônio Portela, Marco Maciel se esmeravam na construção de convergências. Foi assim na anistia, na eleição de Tancredo no colégio eleitoral, na Assembleia Nacional Constituinte eleita em 1986.

No cenário atual, não. Num ambiente de radicalização extremada, os populistas autoritários, os “engenheiros do caos”, não querem o diálogo. Dentro de sua lógica, a exacerbação, a obstrução do contraditório e a anulação da legitimidade dos adversários operam em favor da manutenção do quadro de polarização radical e fidelização de suas bases sociais.

Fato é que a geometria política contemporânea é extremamente complexa. Os conceitos de centro, direita esquerda estão embaralhados. O debate no século 20 era polarizado entre reacionarismo, liberalismo, social-democracia e comunismo. O reacionarismo continua presente em algumas ditaduras e ameaças antidemocráticas. O liberalismo mostrou suas debilidades na crise global de 2008. A social-democracia tropeçou nos limites fiscais de expansão dos Estados de bem-estar europeus. E o comunismo veio abaixo com a queda do Muro de Berlim e a dissolução da URSS e do Leste Europeu.

Diante disto é preciso, mais do que nunca, desprender-se dos paradigmas clássicos e dos rótulos, e se concentrar na agenda de transformações necessárias. Quais são as questões que devem unir?

Os eixos essenciais são: i. defesa radical da democracia e da liberdade, individual, política, coletiva, econômica; ii. Construção de um novo modelo econômico eficiente e inclusivo; iii. Ação contundente contra as iniquidades sociais, através da transferência direta de renda aos mais pobres e de políticas públicas sociais criativas; iv. Defesa da sustentabilidade ambiental e v. Construção do Estado socialmente necessário, enxuto, forte e moderno com intervenções calibradas coerentes com os demais objetivos.

Para além dos rótulos, na complexa geometria política, precisamos unir como bem resumiu o ex-governador e ministro Moreira Franco “a esquerda da direita e a direita da esquerda” em torno da agenda substantiva que realmente interessa ao futuro do Brasil.

 

(Publicado em Congresso em Foco)

 




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