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Opinião e atitude no Mato Grosso do Sul

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Artigos • 21 nov, 2022

A Copa é só uma Copa


(por Lygia Maria) – 

Tratar o futebol sempre sob viés político é ignorar o lado estético e passional do esporte favorito dos brasileiros

Começou a Copa do Mundo, ainda bem: finalmente, vamos parar de falar de política. Ledo engano. A politização do mundo da vida, que no Brasil se intensificou com a polarização ideológica desde o impeachment de Dilma Rousseff, parece que veio para ficar.

Na última edição do torneio, em 2018, militantes de esquerda alertavam que “Enquanto você grita ‘gol’, eles te exploram!”. E, se mesmo explorado, você resolvesse torcer, ainda teria de escolher direito para quem: porque, no maior evento de futebol do planeta, não é o futebol que importa, e sim se a seleção é de país que colonizou povos africanos no século 19.

Este ano, sugeriram boicote à seleção brasileira porque alguns jogadores declararam voto em Jair Bolsonaro. Trata-se do mesmo mecanismo que tenta cancelar artistas por causa de suas opiniões políticas.

Não somos máquinas. Politizar é racionalizar, e há áreas da vida em que tal atitude é necessária. Mas, em outras, devemos fruir com sensibilidade e paixão, sob o risco de perdermos aquilo que nos faz humanos.

Ao explicar que nem toda imagem de um sonho tem significados reprimidos que precisam ser desvendados, Freud disse: “Às vezes, um charuto é apenas um charuto”. Contrariando essa dica, a militância insiste em achar interpretação política em tudo. Porém uma partida de futebol é apenas uma partida de futebol.

Por sorte, essa visão está restrita a uma bolha intelectual elitista que sinaliza virtude nas redes sociais.
A maioria da população ainda valoriza e se emociona com aquilo que o Brasil produziu de melhor ao longo de sua história: o futebol. E que venha o hexa!

*Publicado na Folha de S.Paulo




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