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Opinião e atitude no Mato Grosso do Sul

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Artigos • 06 out, 2020

As descobertas da democracia


(Claudio Henrique de Castro)

Os eleitores descobriram que se votarem ou não, as coisas não mudarão.
É tudo um teatro, cujas cortinas sobem e descem, a cada nova eleição.
Sabem quem realmente manda, haja o que houver.
Que os discursos são construídos de acordo com as pesquisas de opinião, para
ludibriar eleitores e fazê-los acreditar nos candidatos-atores.
Que há toda uma encenação para as mudanças, mas na prática, muito pouco ou
quase nada muda, e as vezes, ainda piora.
Perceberam que há grupos econômicos organizados que sempre estiveram no
poder e não importa partidos ou pessoas, eles continuarão dando as cartas e faturando.
Que na tributação é uma mentira da qual os ricos recolhem pouco ou quase nada
de impostos, e a classe média e o povo é quem sustentam o orçamento público.
Os partidos têm donos e os recursos partidários são distribuídos de forma
bastante desigual diferente para homens e mulheres candidatas e, também para
aparentados e desconhecidos.
Que a reeleição do executivo e do legislativo que mantém parlamentares e
gestores fazendo campanha enquanto exercem seus mandatos é tremendamente
desigual.
Que os cargos em comissão e as licitações são prêmios para os cabos eleitorais e
financiadores de campanha e pouco importa se eles têm capacidade para exercer cargos
ou executar obras.
Que a rachadinha nos salários é, relativamente, comum, e que boa parte de
nomeados cumprem uma agenda de interesses, essencialmente, privados.
Que as tarifas de ônibus, dos pedágios, e outros serviços que foram repassados
para a iniciativa privada que financia as candidaturas, por meio do caixa dois,
continuarão caras e sem qualidade, apesar das promessas de sempre.
Ainda, que não adianta discutir sobre este ou aquele candidato, pois cada eleitor
tem o seu malvado favorito (Manoel Afonso).
O povo descobriu que as eleições são ritos que apenas legitimam o poder, mais
nada.
Descobriu que os interesses populares estão longe de serem representados, que
miseráveis continuarão revirando lixo em busca de comida, mergulhando no mundo das
drogas e da criminalidade, que o ensino público está cada vez mais desprestigiado e que
o meio ambiente está sem nenhuma proteção do Estado.
Que as elites econômicas e estatais continuarão impávidas e impunes.
O recente desencanto pelas eleições fez renascer o discurso da ditadura, que
também é outra falácia ainda mais mentirosa, da mesma democracia de fachada que se
vive e se respira no Brasil há 520 anos.
Votar para tudo continuar igual?
Nestas eleições o índice de abstenções será enorme e histórico, pandemia,
desilusão e indiferença.
Os partidos do Centrão do sincero e corrupto toma-lá-dá-cá continuarão a
mandar e desmandar, consolidando a pior elite do atraso que a histórica recente
conhece, de golpes, falsetes e das mudanças repentinas, da água para o vinagre.
As descobertas da democracia não iludem ou convencem mais ninguém.
Democracia de verdade é consulta popular periódica sobre temas de interesse
popular, é rechamada para eleitos mentirosos, é proibição de reeleição, é voto
facultativo, é legislação penal rígida contra corrupção do estado e ausência da
prescrição, é o fim da imunidade parlamentar e do foro privilegiado.

Disto todos sabem, mas sempre desconversam.




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