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Opinião e atitude no Mato Grosso do Sul

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Artigos • 28 jan, 2023

FÓSSIL – (DEMÉTRIO MAGNÓLI)


 (Folha de São Paulo) –
 O presidente Lula executou suas acrobacias habituais destinadas a legitimar as tiranias

A palavra democracia pairou sobre o encontro. Os líderes repudiaram o ensaio golpista do 8 de janeiro em Brasília e a declaração final destacou o dever “para com a democracia e os direitos humanos”. Mas um Lula sempre igual a ele mesmo desperdiçou a oportunidade de levantar a voz por eleições livres na Venezuela, uma abertura política em Cuba e o fim da selvagem repressão do regime de Ortega na Nicarágua.

Pior: o presidente executou suas acrobacias habituais destinadas a legitimar as tiranias. “Os cubanos não querem copiar o modelo do Brasil, eles querem fazer o modelo deles”. Emilio Médici utilizou frases similares para atribuir à vontade dos brasileiros o “modelo” da ditadura militar. Que tal declarar que “os sauditas querem fazer o modelo deles”? Ou “os iranianos”?

Lula empregou as senhas rituais cunhadas por Díaz-Canel e Maduro. Falou em “bloqueio” a Cuba no lugar de “sanções”, macaqueando o manjado álibi castrista. Falou numa inexistente “ameaça de ocupação” da Venezuela, imitando os discursos do falido regime chavista. Finalmente, quando produziu a frase que devia terminar com “democracia”, perpetrou o truque preferido pelas ditaduras, invocando a “soberania”.

Foi assim: “o que eu quero para o Brasil, quero para a Venezuela: respeito à minha soberania”. No passado, soberania foi atributo dos monarcas; hoje, é atributo das nações. Inexiste verdadeira soberania nacional num país onde surrupiam do povo o direito de escolher seus governantes.

Durante seus mandatos anteriores, Lula contribuiu para a preservação das ditaduras de esquerda na América Latina, operando como escudo diplomático dos regimes de força. Criticar ditaduras que ofendem os direitos humanos não é “ingerência”, mas dever —como, aliás, está escrito na Constituição brasileira.

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