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Artigos • 01 maio, 2025

Francisco para sempre


por Célio Heitor Guimarães –

Já disse e repeti aqui algumas vezes: há pessoas que deveriam ser proibidas de morrer. O papa Francisco era uma delas. Argentino de Buenos Aires, nasceu como Jorge Mario Bergoglio e foi o primeiro americano a atingir o papado e chefiar a Igreja Católica Apostólica Romana, sediada no Vaticano.

Chegou de mansinho, sem alarde. Recebeu apenas um conselho de seu amigo e “hermano” brasileiro, o cardeal Cláudio Hummes: “Lembre-se dos pobres”. Jorge Mario fez mais do que isso: escolheu o nome religioso de Francisco e viveu entre os pobres, os oprimidos e os esquecidos. E marcou todo o seu pontificado pela simplicidade, humanidade e generosidade. Arredou, desde logo, toda a ostentação do cargo. Manteve a vestimenta mais humilde possível, o crucifixo de ferro no peito e nos pés os já gastos sapatos pretos que trouxera de Buenos Aires. Fez mais: revolucionou a Igreja Católica, aproximando-a do povo e das demais religiões. Modificou alguns conceitos/dogmas milenares, defendeu o meio ambiente, os imigrantes e as pessoas da comunidade LGBT-QIA+ (“Quem sou eu para julgá-los?”), assim como criticou insistentemente a guerra e a morte de inocentes. Mais ainda: além disso tudo, tinha bom humor.

Francisco enfrentou as críticas de católicos tradicionais. Isso não o impediu de desmistificar a figura de um Deus assustador e vingativo, presente no Velho Testamento da Bíblia. “Deus tem o coração de um pai, que não castiga os seus filhos”.

Tinha, também, um carinho especial pelo Brasil e pelos brasileiros. Em resposta a um fiel brasileiro, enalteceu a nossa hospitalidade: “Quando alguém que precisa comer bate na sua porta, vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida”.

Não por acaso, centenas de brasileiros compareceram ao funeral de Francisco, enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, em um caixão de madeira simples e com os velhos sapatos pretos esfolados. Sobre a lápide do túmulo, apenas uma inscrição “Franciscus”. Nada mais era necessário.

Dificilmente haverá outro Jorge Mario Bergoglio, mas espera-se que, pelo menos, os exemplos e as conquistas eclesiásticas de Francisco prosperem e os cardeais presentes ao conclave que elegerá o novo pontífice sigam o caminho do falecido papa. Para a glória e sobrevivência da própria Igreja Católica.




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