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Artigos • 09 set, 2018

A ironia (Janio de Freitas)


facada salvou Jair Bolsonaro. Estivesse em vigor a liberalidade de armas de fogo da sua pregação, em vez da facada pouco profunda seria um tiro à queima-roupa a atravessar-lhe as vísceras de fora a fora, com a letalidade previsível. A ironia da violência armada que o surpreendeu vai dificultar-lhe o uso de seus temas eleitorais pessoalmente mais autênticos e, tudo indica, mais atrativos para o tipo de apoiadores que tem.

Ataques como o sofrido por Bolsonaro podem vir de impulsos muito diferentes. Nada além da leviandade de praxe autorizava a imediata atribuição do ato agressivo ao ódio político, ainda mais havendo menção familiar a transtorno mental do agressor. Em qualquer hipótese, a vitimação de Bolsonaro não é motivo para atenuar-se a responsabilidade de sua pregação da violência no ambiente propício até a atentados, dois deles já ensaiados contra militantes do PT.

Embora pouco reconhecida, é também inegável a responsabilidade do Ministério Público e, em suas instâncias mais altas, do Judiciário na exaltação odienta da divergência política e ideológica. Menos de 12 horas antes da agressão a Bolsonaro, aqui mesmo estava minha crítica às duas instituições pelo consentimento à ilegal incitação a crimes de violência sempre repetida por Bolsonaro. Ministério Público e Judiciário têm, como o próprio Bolsonaro, quota não desprezível na elaboração do atentado ao candidato.

No desatino do Brasil atual são recomendáveis aos candidatos precauções especiais, sem contar muito com a proteção oficial, nestes tempos de duvidosa ou nenhuma neutralidade de instituições e figuras destinadas a tê-la.

*Publicado na Folha de S.Paulo




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