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Artigos • 31 mar, 2021

Lula e o PT: caminhos e descaminhos II


 ( Por Marcus Pestana) – O PT nasceu em 10/02/1980 a partir de quatro vertentes principais: o sindicalismo do ABC; as Comunidades Eclesiais de Base, ligadas à Teologia da Libertação; as correntes trotskistas e intelectuais independentes de esquerda. Seu manifesto de fundação dizia que “seria um partido sem donos”, “contra as elites e os patrões”, “um partido da classe trabalhadora com o objetivo de lutar pela emancipação do homem”.

Nas eleições de 1982, as primeiras eleições diretas para governador desde 1964, o PDS venceu em 14 estados, o PMDB em 10 e o PDT venceu no Rio de Janeiro com Leonel Brizola. O PT elegeu oito deputados e Lula chegou em 4º lugar nas eleições para o governado de São Paulo, com 10% dos votos, no seu batismo eleitoral. O tripé Franco Montoro, Tancredo Neves e Brizola, nos três maiores estados, foi essencial para a campanha das Diretas-já e a eleição de Neves no Colégio eleitoral.

Em 2002, o publicitário Duda Mendonça emplacou a versão para ganhar a eleição do “Lulinha paz e amor”. Lula com o passar do tempo começou a ser endeusado e transformado em mito, centralizar as decisões, mandar no partido que se queria “sem dono”. Lula sempre cultivou uma falsa humildade de “homem do povo” para encobrir a arrogância no poder, a falta de humildade histórica e o culto narcísico à personalidade.

Santo Agostinho já dizia: “Prefiro os que me criticam, por que me corrigem, aos que me elogiam, por que me corrompem”.

“Nunca antes neste país”, “Fizemos mais em 4 anos que em 500 anos de história”, “Eu fui o melhor presidente da história do país”, “A partir de agora, se me prenderem, eu viro herói. Se me matarem, viro mártir. E se me deixarem solto, viro presidente de novo” são algumas das frases de Lula. Tal cultura política gerou uma concepção torta de alianças, tudo bem estarmos juntos desde que o candidato seja do PT.

Também o legado desastroso do governo Dilma e sua “Nova Matriz Econômica”, que produziu desemprego e uma das maiores recessões do país, intervencionismo nefasto em setores essenciais como o elétrico e o de petróleo e a queda da credibilidade do Brasil junto aos investidores, jamais mereceu uma reconsideração crítica.

Tendo seus direitos políticos restabelecidos para 2022, Lula será candidato. Como político experiente tenta transbordar a bolha petista com acenos retóricos a outros segmentos políticos e tenta liderar a oposição ao atual governo.

O Brasil não quer ficar preso a projetos personalistas eivados de populismo, onde um líder heroico e salvador encarna o futuro. O país espera um projeto sólido para sair da terrível crise sanitária, social, econômica e política. Se o PT e Lula querem dialogar, que tal começarem por uma profunda, sincera e transparente autocrítica sobre sua trajetória, determinante para chegarmos aonde chegamos?

(Fonte – Congresso em Foco)



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