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Artigos • 04 mar, 2025

O cinema da vida


por José Maria Correia –

Há mais de setenta anos tenho como maior prazer viver em constante imersão no ambiente mágico dos cinemas.

Essas cavernas que me recebem com a paz dos ventres maternos ou das tardes perdidas no silêncio e na penumbra das pequenas igrejas vazias de fiéis, quando sou observado apenas pela palidez das faces dos santos que parecem impacientes para descer dos altares.

As salas foram pensadas para levar diversão e também para reflexão e momentos de isolamento e auto encontro. Para ficar em paz.

Foi assim na época do romantismo, dos bastões de magnésio iluminando as películas e dos namoros dos jovens e casais apaixonados .

Para mim, desde 1950 quando de ainda de calças curtas, mal sabendo andar, a mãe me levava nas matinadas do grandioso Cine Ópera para assistir os desenhos animados que me encantavam.

Depois tudo mudou e só tornei a sentir a emoção de antes na noite deste sábado,
quando finalmente, em meu terceiro e persistente derradeiro ato da existência, pude assistir pela primeira vez na história um filme brasileiro vencer o Oscar de melhor filme internacional:  “ Ainda Estou Aqui”

Uma jornada inteira de minha vida cinéfila, desde o episódio e trauma infantil da morte da cerva mãe do pequeno Bambi, vítima de um caçador no desenho animado de Walt Disney.

Uma das cenas mais trágicas para uma criança assistir. Dizem que Walt estava significando a dor da morte da própria mãe ocorrida em um acidente com vazamento de gás em sua casa.

Não existiam mães para os personagens dos desenhos de Disney.

Uns oito anos depois, e na primeira infância, comecei à ser submetido às sessões da tarde de
lavagem cerebral nos cinemas .

Período de obscurantismo na indústria cinematográfica e do Macarthismo nos Estados Unidos, com os roteiristas sendo obrigados a escrever filmes racistas estigmatizando os indígenas norte americanos como bárbaros cruéis e enaltecendo os massacres da sétima cavalaria do general Custer e seus genocidas exterminadores dos povos originários da América do Norte.

Os árabes e os italianos também eram caracterizados como bandidos e sicários, os indianos , japoneses, chineses e todos os asiáticos.

Os maiores vilões eram o chinês Fu Man Chu e os índios apaches e sioux que combatiam as tropas americanas para evitar o extermínio e o massacre das tribos.

Naturalmente também eram vilões os mexicanos nos faroestes com seus estereótipos de bigodões, palitos nos dentes, comendo com as mãos gordurosas e a garrafa de cachaça ao lado.

Eram assim retratados pejorativamente os bandidos latinos chamados de “ cucarachos”

A mesma ideologia e política de governo que Donald Trump ressuscitou ao tomar posse passando a perseguir imigrantes e trabalhadores sem documentos que acusa entre outras coisas de terroristas e comedores de cães.

Eentre os alvos estão também os brasileiros deportados com algemas como chegavam aqui os africanos escravizados . Continue lendo 




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