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Artigos • 05 maio, 2023

O Google aumentou a confusão nas redes sociais


(por Renato Terra) – 

Ficou evidente a disparidade entre a engenharia técnica e a engenharia política

A publicação de uma frase na página do Google gerou confusão na internet. “O PL das Fake News pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil”.

Tampouco se sabe o que o Google classifica como “aumentar a confusão”. Ficou confuso. Quer dizer então que a empresa reconhece que existe uma “confusão”? Bom, se existe uma confusão (e essa confusão pode ser aumentada), o Google é responsável sim por viabilizar soluções. Ou fica parecendo que a empresa quer apenas aumentar a confusão com um posicionamento como esse.

O que se sabe é que o algoritmo do Google contribui pra “aumentar a confusão”. Quem coloca “Garota de Ipanema” no YouTube em busca de uma playlist de Bossa Nova vai acabar caindo num vídeo escandaloso que acusa Tom Jobim de manipular porquinhos-da-índia geneticamente para financiar a Ursal e torturar crianças quatemaltecas. Isso é “verdade” no Brasil e no mundo.

A treta move as redes sociais, desde que as redes sociais não sejam o alvo da treta.

Em abril, Eduardo Bolsonaro partiu pra cima do deputado Marcon (PT-RS) quando o petista insinuou que a facada de Jair Bolsonaro foi fake. Depois de apartada a briga, Eduardo gritou “Tu acha que tu tá na internet?”.

Na internet sem lei, tudo pode. Eduardo sabe disso.

Na internet com lei, é justo que se remunere quem produz os programas de TV, filmes, músicas e reportagens que as redes sociais exibem (e lucram). E que alguém se responsabilize pelas fake news.

O Google jogou uma cartada política contra a aprovação de uma lei que aumenta seus custos e responsabilidades. É legítimo, claro, ampliar o debate.

O que ficou evidente foi a disparidade entre a engenharia técnica e a engenharia política do Google. Faltou tato humano.

É preciso melhorar o debate para que os avanços apareçam. E rapidamente.

*Publicado na Folha de S.Paulo




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