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Artigos • 21 jun, 2023

O que é a vida?


(De Vilmar Farias) – 

O jornalista Marcelo Tas apresenta toda terça-feira na TV Cultura o programa “Provoca”, de entrevistas, no qual recebe personagens importantes da vida nacional. Assisto sempre que o assunto me interessa. Mas o que chama a atenção é a pergunta que encerra o programa: “O que é a vida?”. A questão provoca nos entrevistados segundos de perplexidade. Alguns com clara dificuldade para responder. Outros vão no sentido de que a vida é estar aqui. Viver o agora… e por aí.

Percebe-se que o mais importante, o sucesso de sua existência, que é a vida, passa ao lado, a ponto de o entrevistado ficar embasbacado com a pergunta.

Em um pequeno manual para viver com alegria, a escritor Ana Cláudia Quintana Arantes, médica geriatra, especializada em ‘cuidados paliativos’, ensina como viver: “Chegar ao fim da vida depende de uma série de fatores, mas poucos são mais significativos do que a qualidades das relações humanas que desenvolvemos ao longo da nossa existência”.

Em um estudo feito em Harvard sobre o desenvolvimento da fase adulta do ser humano, o surpreendente é a conclusão de que nossos relacionamentos e o quão felizes estamos neles, exercem poderosa influência sobre a nossa saúde.

Quando saio pelas ruas do bairro do Cabral, encontro muitos seres classificados como em situação de rua. Dias desses, presenciei uma abordagem pelo Serviço Social. O homem não queria entrar no veículo para ser levado a um lugar melhor, de proteção, sobretudo para as temperaturas muito baixas à noite. Depois de muita conversa, contrariado, ele entrou no carro. Mas o que me chamou a atenção foi o amigo (talvez a família) do cidadão, que permaneceu na calçada e, agoniado, dava voltas em torno do veículo, apoiando as patas e arranhando a lataria, querendo entrar.

Indaguei aos atendentes se não poderiam levar o cachorro, e confesso que fiquei emocionado com a compassividade desses profissionais que salvam vidas, pois o cachorro foi levado junto. Aí, conclui que a vida é isso: compaixão. É um olhar o outro.

Quando se vê pessoas dormindo nas calçadas, precariamente vestidas, sem proteção, muitas vezes (quase sempre) alcoolizadas, à espera de um prato de comida, indagamos se a sociedade as abandonou. Mas o que se vê nos olhos dessas pessoas é a condição de autoabandono. A vida já não mais lhes interessa, entregues que estão aos desígnios primários da sua condição sócio-biológica, enquanto essa pulsar em seu peito.

E então, amigo leitor, o que é a vida? Mas não precisa responder porque, de repente, você pode descobrir “que tudo era para sempre, sem saber que, para sempre, sempre acaba”, como já dizia Renato Russo. ( fonte – Blog do Zé Beto)




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