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Artigos • 23 out, 2020

Pelé 80 anos: o jogo que deu ao craque o título de ‘rei’ em crônica de Nelson Rodrigues


 (Da BBC News, por André Bernardo ) –

No dia 26 de fevereiro de 1958, Santos e América-RJ se enfrentaram pela primeira rodada do Torneio Rio-São Paulo. O clube santista venceu o time carioca por 5 a 3. Dos cinco gols do Santos, quatro foram marcados por Pelé. “Sozinho, liquidou a partida, monopolizou o placar”, declarou o jornalista Nelson Rodrigues (1912-1980). Presente no Maracanã, o autor de À sombra das chuteiras imortais (1998) gostou tanto da atuação do rapaz, então com 17 anos, que lhe dedicou uma crônica inteirinha: A realeza de Pelé.

Era a primeira vez, assinala o jornalista Ruy Castro na biografia O anjo pornográfico (1992), que Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, que faz 80 anos nesta sexta-feira (23/10), era chamado de “rei do futebol”.

“Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável — a de se sentir rei, da cabeça aos pés”, escreveu Nelson na crônica publicada na revista Manchete Esportiva, do dia 8 de março de 1958. “Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento”.

Dos quatro gols que Pelé meteu no goleiro Pompeia, um deles chamou a atenção do cronista. Aquele em que o craque, antes de encaçapar a bola, dribla o primeiro, entorta o segundo e corta o terceiro zagueiro. “Até que chegou um momento em que não havia mais ninguém para driblar. Não existia uma defesa. Ou por outra: a defesa estava indefesa”, graceja.

Na crônica, Nelson confessa ter tomado um susto ao descobrir a idade de Pelé: dezessete anos! “É um menino, um garoto. Se quisesse entrar num filme da Brigitte Bardot, seria barrado”, escreveu na coluna ‘Meu personagem do ano’, de janeiro de 1959. “Mas, reparem: é um gênio indubitável! Pelé podia virar-se para Michelangelo, Homero ou Dante e cumprimentá-los com íntima efusão: ‘Como vai, colega?’”.

Para descrever o que viu naquela noite de quarta-feira, Nelson abusou dos adjetivos: “grande”, “perfeito”, “fabuloso”, “imbatível”, “incomparável’… Ao seu lado na arquibancada, um torcedor americano também não economizava palavras: “Vá jogar bem assim no diabo que o carregue!”.

Três meses depois da publicação da profética crônica, a primeira a chamar Pelé de rei, o craque e a seleção brasileira de futebol foram coroados campeões do mundo na Copa do Mundo da Suécia.

Em 1975, quando o craque já vestia a camisa do Cosmos, Nelson declarou: “Perguntem a qualquer zebra de Jardim Zoológico: ‘Qual é o maior jogador do mundo?’. Todas as zebras dirão, numa cálida unanimidade: ‘Pelé’”. E concluiu: “Do esquimó ao chinês, do russo ao alemão, do patagônio ao egípcio, todos acham que Pelé realmente é o grande craque do presente, do passado e do futuro”.

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