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Artigos • 14 mar, 2021

Pelo Brasil, sim!


(Percival Puggina ) –

No início deste mês, Paraná Pesquisas, compondo cinco cenários para o primeiro turno da eleição de 2022 mostrou que Bolsonaro tinha praticamente três votos por um sobre seu principal concorrente, o ex-juiz Sérgio Moro. Identificou, também, que essa vantagem era de 32,2% a 18% quando Lula entrava no questionário. Ou seja, a oposição ao governo não tinha ninguém melhor do que o hóspede de Atibaia para apostar.

Foi então que me veio à mente uma ideia que, por pudor, rapidamente rejeite: Lula seria redimido pelo STF. Receberia da justiça dos homens (dos homens togados do STF) indulgência plenária. Retornaria ao Jardim do Éden inocente como Adão antes de Eva, puro como anjinho de Rafael Sanzio.

Mas foi uma ideia que rapidamente espantei. Os 11 não se prestariam a produzir tal acinte sobre si mesmos jogando na mesma lata de lixo todo o trabalho da Lava Jato, todo o trabalho da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, todo o trabalho do excelente e ilibado TRF-4 de Porto Alegre e do STJ. Não, não estamos em Palermo e a máfia não obterá aqui o que conseguiu na Itália.

Lembro-me do ministro Marco Aurélio proferindo a frase famosa ao soltar um líder do PCC: “Não olho capa de processo”. Não interessa a ele, segundo tal conduta, quem se beneficia ou se prejudica por suas decisões. Agora conte outra que nem essa, ministro Fachin. Diga que não lhe interessa nada do que fez como ministro de referência para os processos da Lava Jato durante todos esses anos. O senhor era conhecido nos sites de esquerda como ”o carcereiro da Lava Jato”.

Eu não creio em retorno de Lula, de seu partido, ou da esquerda ao poder. Tampouco creio que o eleitor brasileiro vá colocar numa das cadeiras do segundo turno do ano que vem, o menino da Globo. O Brasil não é um programa de auditório, embora algumas de suas instituições pareçam picadeiros. Quem duvida que ali adiante, como escreveu Guzzo, o preso seja o ex-juiz?

O que me angustia como cidadão, nesta noite de 8 de março, são os próximos passos. Entendi que eles estão planejados. E que serão dados, contando com o silêncio das ruas, com o lockdown (também ele um desses passos) e me declaro, desde já pronto para as mobilizações que, a meu modo de ver, o momento impõe. Sou mais Brasil. Não o faria por alguém. Nem contra alguém. Mas faço, sim, pelo Brasil.

 

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escrito.




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