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Campo Grande • 03 mar, 2025

À beira do colapso, Santa Casa alega déficit mensal de R$ 13 milhões


Maior hospital de Mato Grosso do Sul, a Santa Casa apresentou défici de R$ 158,8 milhões no ano passado

santa casa
(Correio do Estado – Nery Kaspari) –
Mergulhada em crise e com uma série de serviços médicos suspensos, as Santa Casa de Campo Grande alega que ao longo do ano passado faturou R$ 383,5 milhões e teve custos que somaram R$ 542,4 milhões, o que equivale a um déficit mensal de R$ 13,2 milhões, conforme dados que a instituição apresentou ao Ministério Público Estadual.

O déficit é praticamente o mesmo valor que o hospital já recebe da prefeitura de Campo Grande, de R$ 5 milhões mensais, e do Governo do Estado, R$ 9 milhões. Ou seja, para tirar o maior hospital de Mato Grosso do Sul do buraco, os repasses do poder público teriam que dobrar.

O caos no hospital, que está sendo alvo de um inquérito civil do Ministério Público, conforme publicação do diário oficial relativo ao dia 6 de março, foi tema de uma reunião no último dia 19 de fevereiro entre autoridades municipais, MPE e a direção do próprio hospital.

E, como não houve avanço nas negociações para possível aumento nos repasses, o MPE voltou a convocar outro encontro, para esta quinta-feira (6), no qual é esperado o anúncio de um possível incremento na ajuda tanto da prefeitura quanto do Governo do Estado.

Por conta da falta de recursos, cirurgias ortopédicas estão suspensas desde o começo de setembro. Desde então, em torno de 360 cirurgias deixaram de ser realizadas, já que, em média, são 60 procedimentos por mês.

Desde o dia 24 de dezembro também estão paradas as cirurgias plásticas, o que privou em torno de 700 pessoas de atendimento desde então, uma vez que a média de atendimentos é de 314 por mês.

Nem mesmo as cirurgias cardiovasculares estão sendo feitas desde o dia 16 de dezembro. A meta do hospital era a realização de 550 procedimentos mensais. Até mesmo a cardiologia pediátrica, que fazia uma média de 113 procedimentos mensais, está funcionando, informa documento interno do hospital anexado ao inquérito do MPE.

No setor de urologia, informa o documento do dia 5 de fevereiro, todos os procedimentos serão suspensos, inclusive de transplantes de rim. Antes, uma média de 98 cirurgias eram feitas todos os meses.

Embora tenham sido retomadas no dia 26 de janeiro, o setor de cirurgia geral chegou a ficar parado durante mais de quatro meses, prejudicando o atendimento de cerca de 800 pacientes.

A direção do hospital alega que não tem dinheiro para compra de medicamentos e insumos e admitiu que deve R$ 29 milhões somente para médicos prestadores de serviço. Além disso,  acumula dívidas de outros R$ 38 milhões relativos a materiais, medicamentos e outros prestadores de serviço.

Ao mesmo tempo, um ofício assinado pela presidente do hospital, Alir Terra, enviado no dia 6 de fevereiro à prefeita Adriane Lopes, faz um apelo para a administração municipal firme um acordo e pague R$ 47.780.052,98 que a Justiça mandou o Executivo Municipal pagar à Santa Casa.

Se a prefeitura concordasse em fazer um acordo e assim evitar que estes R$ 47 milhões virem precatório, o hospital está disposto a dar um desconto de 10% sobre esta dívida.

Além disso, a presidente do hospital alega que a prefeita Adriane Lopes suspendeu, desde janeiro de 2023, um repasse mensal de R$ 1 milhão e que por conta disso já acumula um passivo de R$ 25 milhões.

GESTÃO
Além da tradicional lamentação de falta de recursos por parte da Santa Casa, o inquérito instaurado pelo MPE também revela uma série de questionamentos feitos por médicos sobre a suposta má administração.

Entre estes questionamentos está uma informação de que recentemente o hospital contraiu um empréstimo de R$ 269 milhões e mesmo assim as dívidas não foram quitadas e nem os atendimentos retomados.

Outra denúncia é de que uma empresa de outro estado foi contratada para o serviço de neurocirurgia. Pelo contrato, quatro médicos deveriam trabalhar durante o dia e dois, à noite. Porém, somente dois ficam durante o dia. Por serem de fora do Estado, o setor chegou a ficar sem profissional durante 20 horas por conta de atraso no voo em que o médico seguia para Campo Grande.

O contrato anterior, com médicos de Campo Grande, era mais barato e funcionava melhor, pois os médicos eram mais qualificados, aponta a denúncia.

A troca de máquinas de hemodiálise é apontada como outro exemplo da suposta má gestão. As máquinas teriam sido trocadas sem consulta à área técnica. Estes novos equipamentos, diz a denúncia apresentada ao MPE, aceitam um único produto para desinfecção, o que impede a concorrência entre fornecedores.

Outro exemplo de suposta má gestão é o fato de o CTI  do Trauma, que tem 12 leitos, estar desativado desde 1º de setembro do ano passado. O motivo: a falta de uma peça no sistema de ar-condicionado. Essa peça, segundo a denúncia, custa apenas R$ 100 mil, o que é algo irrisório para um hospital com receita mensal de R$ 32 milhões mensais.

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