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Política • 19 mar, 2023

Deficientes visuais podem tocar em animais e plantas aquáticas em espaço novo no Bioparque Pantanal


Investindo cada vez mais na acessibilidade para que todos os visitantes com deficiência visual tenham uma experiência ainda mais rica, o Bioparque Pantanal conta com uma novidade, o Biotátil, um espaço novo que possibilita que pessoas cegas e de baixa visão conheçam por meio do tato, objetos que compõem a cenografia dos tanques, como pedras, areia, cascos, sementes e folhas. O espaço também conta com uma variedade de animais taxidermizados, como papagaio e jacaré.

O espaço Biotátil é uma implementação que integra projeto “Bioparque para Todos, iguais na diferença”. Dentro do projeto que, já na sua terceira fase amplia, inova e aperfeiçoa atividades que proporcionarão uma experiência imersiva, faz com que os deficientes visuais enxerguem por meio do tato as riquezas do Pantanal e sintam a emoção do momento durante a visita.

Inúmeras implementações já foram feitas, conforme revela a Diretora-geral do empreendimento, Maria Fernanda Balestieri. “Nós queremos que as pessoas sintam a emoção do momento e consigam vislumbrar, ainda que pelo toque, as riquezas do nosso Pantanal”.

“Para nós é muito importante esse tipo de atendimento, esse olhar humanizado”, conta Mariana Rodrigues

Mariana Rodrigues, de 52 anos, relatou sua experiência e a importância de ambientes acessíveis na cidade. “Eu me assustei com o jacaré, os dentes afiados e a boca grande, foi uma sensação diferente poder sentir de verdade como eles são. Pra nós é muito importante esse tipo de atendimento, esse olhar humanizado, pois somos carentes de acessibilidade em diversos locais da cidade”, disse a acadêmica de matemática que também sentiu a textura de plantas aquáticas do Pantanal, como a salvinia.

Telma Nantes: “é uma experiência fantástica”

Subsecretária de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência, Telma Nantes de Matos também viveu a experiência Biotátil. “Eu que tenho baixa visão, tive a possibilidade de enxergar. Hoje temos pessoas que não têm nenhuma visão desde bebê e pra elas é uma experiência fantástica, poder tocar em um animal e ver os detalhes, sentir uma semente. Pra quem viveu no campo é uma forma de reviver momentos, é tudo gratificante”, explicou.

Na primeira fase do projeto, a direção recebeu demandas, através de reuniões com representantes de cada deficiência. Dessas demandas, foram feitas adequações e implementamos de coisas novas. O tablet com informações dos tanques em libras e audiosdecrição é um exemplo do uso da tecnologia assistiva.

Posteriormente, foram feitas experimentações, a prática com o visitante, foram testadas novas implementações. “Essa fase foi extremamente importante, pois no dia-a-dia com cada pessoa pudemos ver as necessidades e entender o que podia ser aperfeiçoado ou inserido”.

Já na terceira fase, o objetivo do projeto foi de melhorar o que já estava sendo feito e trazer coisas novas de acordo com as demandas que chegavam. Hoje o local conta com mais um intérprete de libras e aguarda a chegada de representações de peixes em 3D.

Sensível a causa, a diretora do complexo revelou que o fato de ter trabalhado na defesa das pessoas idosas no início de sua carreira e ter tido contato com as dificuldades enfrentadas por esse público possibilitou que o projeto alcance resultados positivos. “Estamos sempre em busca de inovação para todos, sem distinção e que dentro de suas particularidades possam desfrutar e vivenciar uma verdadeira experiência no Bioparque Pantanal”, revelou a responsável do complexo que ainda pontuou que não tem como ter inclusão sem acessibilidade.

Parceria com a PMA

Os animais taxidermizados que fazem parte do espaço foram cedidos pela Polícia Militar Ambiental (PMA), parceira do Bioparque nas questões ambientais. Segundo o tenente coronel Ednilson Queiroz, responsável pela comunicação da PMA, a educação ambiental é atividade prioritária, é uma missão institucional que pela primeira vez consegue atingir um público novo.

“Com isso você faz com os crimes e infrações ambientais sejam minimizados. Nós não tínhamos conseguido acessar esse público de inclusão, principalmente deficientes visuais, mas essa parceria nos possibilitou que pudéssemos contribuir com um projeto tão importante para a sociedade”, disse o Queiroz.

Rosana Lemes, Bioparque Pantanal
Foto: Eduardo Coutinho




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