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Política • 26 ago, 2024

Em 10 anos, Campo Grande ganha 40 mil motocicletas e modal vira desafio


Motocicletas estão fora das políticas públicas de trânsito e inseri-las nos planos é dever de gestores, indicam especialistas

Inserir as motocicletas nas políticas de trânsito de Campo Grande é o desafio posto aos próximos gestores públicos da Capital – Foto: Paulo Ribas / Correio do Estado – texto de Eduardo Miranda

Nos últimos 10 anos, o trânsito de Campo Grande ganhou aproximadamente 45 mil motocicletas, é o que indicam as estatísticas do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). O aumento da quantidade de motos na capital de Mato Grosso do Sul acelerou após a pandemia.

Ao todo, são 165.459 motocicletas, conforme o Denatran. Elas representam 24% do total de veículos da cidade, que, segundo o órgão federal, atualmente conta com 686,6 mil veículos.

Conforme especialistas que participaram do evento Campo Grande que Queremos, organizado pelo Correio do Estado neste mês, as motocicletas ainda são um modal invisível para as políticas públicas de trânsito. Elas também não são alcançadas pela fiscalização, o que agrava a marginalização do modal.

O problema, que interfere diretamente na mobilidade urbana, sobretudo no período pós-pandemia, por causa do aumento do número de motocicletas e de uma resistência do cidadão ao sistema de transporte coletivo, tem sido um entrave para o trânsito da Capital, que não deveria experimentar dificuldades.

Segundo Arruda, atualmente, quando se fala de trânsito em Campo Grande, há planejamento das vias e das rotas visando motoristas, pedestres e ciclistas (pelo menos, já houve planejamento de ciclovias), mas não há planos traçados exclusivamente para motociclistas, pois as motos acabam entrando no combo dos automóveis.

“A gente tem de olhar para as motocicletas como meio de transporte, coisa que as políticas públicas não estão fazendo”, destacou Arruda. “É um componente de transporte para a maioria e de lazer para muitos que é invisível para a política pública de mobilidade. E a gente precisa encontrar meios tecnológicos, não no meio urbano, para que elas não caiam na marginalidade”, argumenta.

Por falar em marginalidade, o engenheiro e especialista em Mobilidade Fernando Madeira trouxe uma informação interessante. Em um dos grandes condomínios fechados da cidade, em que sua empresa prestou consultoria, na entrada de prestadores de serviço foi percebido que muitos motociclistas não tinham habilitação. “É um absurdo a quantidade de pessoas no trânsito sem carteira de motorista”, afirmou.

“Independentemente da questão da infraestrutura de trânsito, a segurança pública tem de trabalhar para que essas pessoas sem habilitação nem estejam no trânsito. Se ela não tirou carteira, ela não tem qualificação, é assim que muitos vão parar no hospital”, argumentou.

Fiscalização

A gestora de trânsito Andrea Luiza Torres de Figueiredo da Silva, que pertence ao quadro da Agetran desde 2005, admite que em Campo Grande há muitas motos e que esse aumento ocorreu após a pandemia. Ela também indica que houve uma grande perda de usuários no transporte coletivo.

“Temos hoje ações que facilitam a compra de veículo, moto, bicicleta elétrica, mas não temos educação voltada para tudo isso, de pessoas que migraram de um sistema de transporte público para este sistema de duas rodas. Apenas as motocicletas têm documentação e podem ser mais facilmente fiscalizadas”, explicou.

Em função dessa situação, ela afirma que a fiscalização tem de ser ampliada de maneira efetiva. “Isso é um fato”, afirmou.

 




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