O ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) disse, depois de reunião com o presidente Jair Bolsonaro nesta 2ª feira (6.abr.2020), que ficará no cargo. Ele afirmou que espera ter “paz para prosseguir” no trabalho de combate à covid-19.

Durante a tarde, Bolsonaro aventou a possibilidade de demitir o ministro. Os 2 trouxeram a público desentendimentos na semana passada. “Vamos acabar essa entrevista e vamos voltar ao trabalho”, disse o ministro nesta noite. “Esperamos poder ter paz para prosseguir”, completou. Ele não respondeu a perguntas dos jornalistas.

Mandetta chegou ao ministério aplaudido pelos funcionários da pasta, e brincou: “É hora de aplaudir ninguém. É hora de trabalhar”.

De acordo com ele, o dia foi de mais 1 “solavanco” no Ministério da Saúde e de pouca produtividade, mas que é necessário retomar os estudos e medidas para evitar a proliferação do coronavírus. Ele disse que, enquanto esteve fora do ministério, discutindo a permanência no cargo, os servidores ficaram “avoados“.

O ministro repetiu os termos “ciência, disciplina, planejamento e foco” como os principais objetivos da pasta no combate ao coronavírus. Ele elogiou a equipe da pasta.

“Eu sou o porta-voz. Tenho a melhor equipe técnica pela qual eu poderia sonhar e ter o prazer de trabalhar”, disse. “Queria agradecer a performance nesses 1 ano e 4 meses”, completou.

Mandetta disse que o Ministério da Saúde não têm a pretensão de ser os donos da verdade e que o órgão trabalha com dúvidas e a busca para solucionar os problemas, com base na ciência.

Também afirmou que a equipe não tem receio da crítica, que, segundo o ministro, “enobrece”. “O que nós temos dificuldades é quando, em determinadas situações ou determinadas impressões, as críticas não vêm para agregar o trabalho”, declarou Mandetta.

Mandetta disse que a reunião no Palácio do Planalto foi “muito produtiva” e que o governo tem se reposicionado para ter mais união e foco para combater a doença.

TROCA DE FARPAS

O presidente disse que “algo subiu à cabeça” de alguns em seu governo. Não citou nomes, mas disse que essas pessoas “viraram estrela” e que “a hora” delas ia chegar. Disse que poderia “usar sua caneta“.

A declaração faz referência a uma resposta de Mandetta durante entrevista coletiva concedida na 6ª feira (3.abr). Na ocasião, o ministro disse: “Nós não estamos numa ilha. Isso aqui faz parte do governo do presidente Bolsonaro. Se eu estou aqui, é porque ele me nomeou. Se eu permaneço aqui, é porque ele tem a caneta para me manter ou para me tirar daqui.”

De acordo com pesquisa Datafolha, a aprovação do ministro ao combate ao coronavírus é duas vezes maior do que se comparada a de Bolsonaro.

O presidente já havia afirmado numa entrevista à Jovem Pan que ele e Mandetta vêm “se bicando” há 1 tempo. Disse que faltava “humildade“ ao seu auxiliar, que deveria ouví-lo mais.

OSMAR TERRA

O deputado Osmar Terra (MDB-RS) seria a pessoa cotada para substituir Mandetta no comando do Ministério da Saúde. Ele foi ministro da Cidadania de janeiro de 2019 a fevereiro de 2020.

Terra é médico, assim como Mandetta. Porém, as opiniões dos 2 em relação à pandemia da covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) são contrastantes. O 1º é alinhado ao presidente da República, que defende isolamento apenas para pessoas do grupo de maior risco (vertical), enquanto o 2º defende isolamento e distanciamento social para todos como forma de conter o surto (horizontal).

Ministro Henrique Mandetta chegando de carro (com o celular na mão) para participar da reunião ministerial com o presidente Jair BolsonaroSérgio Lima/Poder360 – 6.abr.2020

“A ideia de fazer quarentena para reduzir a velocidade e ‘achatar’ a curva de aumento de casos não funcionou em nenhum país do mundo nesta epidemia! Estão submetendo a população a enormes sacrifícios por uma teoria sem resultados práticos!“, escreveu Terra no último domingo (5.abr) em sua conta no Twitter.

PODER 360