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Política • 19 mar, 2022

Máscaras devem continuar em escolas e situações de risco, diz Julio Croda


(Da FSP ) –

Para infectologista e pesquisador da Fiocruz, proteção será legado da pandemia para outras doenças

Apesar da melhora nos indicadores de saúde, o atual momento da Covid no Brasil deveria servir para a reflexão sobre ações e medidas protetoras que devem continuar mesmo passada a pandemia. Essa é a avaliação de Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fiocruz.

Para ele, entre essas ações a serem pensadas está manter o uso de máscaras protetoras em alguns ambientes de maneira contínua, como hospitais. A utilização, diz, também deveria permanecer para pessoas idosas e imunossuprimidas em locais de alta aglomeração e no período sazonal de doenças respiratórias, como a gripe.

“Sabemos que as pessoas doentes que procuram os serviços de saúde estão em geral debilitadas, e não é interessante contrair uma infecção respiratória dentro dos hospitais, assim como é preciso proteger os profissionais de saúde que estão fazendo o atendimento”, avalia.

Nesta quinta (17), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados no estado. A proteção, porém, continua obrigatória em algumas situações, como em transportes públicos, além de ambientes hospitalares e em serviços de saúde (entenda as regras).

Para Croda, a desobrigação não deve ser encarada como o fim do uso, pelo contrário.

“É importante ressaltar a recomendação do uso em algumas situações associadas a maior risco, independente de o estado ter progredido, como espaços fechados com aglomeração, escolas”, avalia.

Croda conversou com a Folha sobre ações de estados e municípios, populações que, na sua opinião, carecem de uma dose extra de reforço, como os idosos, e se a cultura nacional vai mudar após a Covid. Leia abaixo.

A retirada da obrigatoriedade das máscaras neste momento da pandemia de maneira irrestrita parece razoável? Ainda há algumas condições onde seria importante a manutenção do uso de máscaras, principalmente em locais fechados com aglomeração. A própria decisão de manter no transporte público é adequada, pois o risco de aquisição do vírus nesses locais é muito elevado.

Alguns estudos já mostram uma relação direta entre a distância do local de trabalho e o risco de contrair o coronavírus: quanto mais distante a sua residência é do seu serviço e quanto maior tempo de viagem –consequentemente maior o número de tipos de lotações utilizadas–, maior o risco de infecção. Isso pode ser visto também ao analisar que os bairros mais pobres e mais distantes do centro possuem maior prevalência da doença.

Outro ambiente no qual também seria interessante manter o uso é em escolas. Apesar de a cobertura vacinal de primeira dose nas crianças de 5 a 11 anos em São Paulo ser de 70%, é preciso avançar na segunda dose antes de retirar as máscaras nas escolas.

É claro que os indicadores epidemiológicos de estados como Rio de Janeiro e São Paulo permitem a flexibilização, mas ela precisaria ser feita de forma gradual, primeiro em ambientes abertos, como fez São Paulo, e depois poderia ter uma etapa intermediária, de flexibilização em ambientes fechados sem aglomeração, e depois para esses ambientes que a gente acredita que sejam de maior risco.

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