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Política • 01 mar, 2020

Ministério da Justiça abre inquérito contra evento punk “Facada fest”


Moro nega que requisição foi dele – Membros do grupo foram interrogados

Um dos cartazes de divulgação da festa  – Ilustração de Paulo Victor Magno (via Twitter)

O Ministério da Justiça e da Segurança Pública pediu a abertura de inquérito contra 4 integrantes de 1 coletivo punk de Belém (PA). Eles são organizadores do festival de música “Facada Fest”. O pedido de inquérito se baseia nos cartazes de divulgação do evento, com imagens de ataque ao presidente Jair Bolsonaro.

Um dos cartazes mostra o palhaço Bozo morto com 1 lápis enfiado na garganta; outro, 1 índio segurando a cabeça de Bolsonaro, em cuja testa há uma suástica; e o 3º, uma caricatura do presidente com detalhes que remetem ao líder nazista Adolf Hitler, vomitando fezes sobre uma floresta. O coletivo será investigado por crime contra a honra de Bolsonaro e apologia ao homicídio.

Eis os cartazes:

O despacho da pasta argumenta que a imagem do palhaço empalhado é uma “clara apologia ao atentado criminoso sofrido por Jair Messias Bolsonaro durante a campanha eleitoral, que quase tirou sua vida”.

Por meio de nota, o Ministério da Justiça disse que a necessidade de investigação foi apontada pela consultoria jurídica e que, agora, cabe ao Ministério Público e à Polícia Federal elucidar os fatos e, “se for o caso, oferecer ação penal”. Segundo a Folha de S.Paulo, o grupo, composto por membros de bandas de rock, foi interrogado nesta 5ª feira (27.fev.2020).

Em nota divulgada pelo coletivo, eles apontam a investigação como uma tentativa de censura. “Com tantos problemas ocorrendo neste momento no país —motim das polícias militares, degradação ambiental na Amazônia e os indícios cada vez mais fortes de ligações entre políticos e milicianos—, causa-nos espanto o uso do aparato judicial e policial de nosso país na repressão de 1 festival de música. Criminalizando a atividade artística e a liberdade de expressão, garantidas pela Constituição de 1988, a Constituição Cidadã”, diz o texto.

O festival existe desde 2017, já com o nome de Facada Fest. No ano passado, deveria ter sido em Belém, mas foi impedido pela Polícia Militar sob justificativa de que a festa não tinha alvará. O evento também já foi realizado em Marabá (PA).

MORO REAGE

Em resposta à reportagem da Folha de S.Paulo que afirmava que ele que requisitou a abertura do inquérito, o ministro Sergio Moro negou que ação tenha partido dele, mas disse que “poderia ter sido”.

Reprodução/Twitter

“Publicar cartazes ou anúncios com o PR ou qualquer cidadão empalado ou esfaqueado não pode ser considerado liberdade de expressão.É apologia a crime, além de ofensivo”, escreveu na sua conta do Twitter nesta 5ª feira à noite.

“Decapitado também. Se fosse outro agente político ou outra pessoa concreta, estariam liberadas a ofensa ou a apologia ao crime? Crítica é uma coisa, isso é algo diferente. Não são, portanto, simples “cartazes anti-Bolsonaro” como falsamente afirma o título da matéria da Fsp (Folha de S.Paulo)”, continuou.

Depois do inquérito, usuários do Twitter começaram a divulgar os cartazes do evento. A hashtag #facadafest ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter do Brasil por parte da manhã.

Poder 360




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