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Política

Política • 19 abr, 2019

STF censura os Dez Mandamentos


Após afastar Deus Todo-Poderoso da função de juiz no Dia do Julgamento Final, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou que Moisés retire os Dez Mandamentos do ar, da terra e do mar. Uma equipe da Guarda Suíça foi destacada para fazer busca e apreensão no Monte Sinai.

A decisão de Moraes atendeu a um pedido de José Antonio Dias Toffoli, que ficou incomodado com um mandamento que atenta contra a honrados integrantes do tribunal. “Que história é essa de ‘Amar a Deus sobre todas as coisas’? Quem é esse Deus que ousa cogitar ser mais importante que o STF?”, argumentou o presidente do Supremo.

Moisés, Josué e Deus Todo-Poderoso foram convocados para prestar depoimento. Josué entrou na lista de depoentes porque foi apontado como amigo do amigo de Moisés, além de irmão do irmão do filho de Deus.

Em medida emergencial, para manter a ordem no país, o Supremoalterou o primeiro mandamento.

A Lei Suprema passa a ter a seguinte redação: “Amar a honra do STF sobre todas as coisas”. E justificou: “Dessa maneira, fica claro para a sociedade por que este Tribunal não fez nada sobre as fake news que influenciaram as eleições, incluindo a mamadeira de piroca, o kit gay e o boato de que Bolsonaro ia acabar com o Bolsa Família. Também lavamos as mãos em relação às mentiras contra Jean Wyllys. Mas basta um herege esbravejar contra a honra do STF em aviões ou um fariseu divulgar documentos que maculam os membros este tribunal que somos capazes de mover montanhas”.

O segundo mandamento, “Não tomar seu santo nome em vão”, passa a se referir ao STF.

Na semana que vem, o Supremo promete proibir o surgimento de novos buracos negros, vetar as tempestades que podem causar novas enchentes e, numa atitude corajosa, reprimir o uso dos patinetes verdes que se espalharam pelas calçadas das cidades brasileiras.

De quebra, Gilmar Mendes absolveu Judas.

Por Renato Terra

*Publicado na Folha de S.Paulo




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