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Artigos • 02 nov, 2019

Abilio Leite de Barros: “Ano de triste memória”


Tudo passa, o ano 2014 passou. Viramos a folhinha sem vestígios de saudades. Ao contrário, fomos tomados por mágoas e tristezas que não passarão. Em mim o tempo deixou doloridas marcas neste 2014 e, na alma, o desconsolo de que não mais verei o Brasil que sempre sonhei, pois sei que logo também passarei. Não dá mais tempo.

Sempre vivi a esperança de melhores tempos. Não sabia, hoje sei, que vivi os melhores tempos. O Brasil não era rico, mas havia honestidade. Não era santo, mas a safadeza de corrupção e o roubo eram punidos. Os ladrões tinham vergonha, hoje os nossos políticos, talvez em maioria, não mais têm. Isso dói. No passado recente, um presidente foi flagrado em desonesta aplicação das sobras da campanha depositadas em sua conta, somada à ridícula apropriação indevida de um carro usado.

Era o presidente Collor que, com impeachment, foi derrubado do governo. Em nossos tempos infelizes e de falta de vergonha, nossa presidente não precisou dar explicações da compra de Passadena, uma refinaria americana, com um prejuízo de quase oitocentos milhões de dólares para a nossa Petrobras. Esse prejuízo foi constatado pelo Tribunal de Contas da União, mas Dona Dilma nem baixou a cabeça.

Não sei se deveria explicar a sem-vergonhice do “toma lá, dá cá” exposta nessa compra e venda desse rotineiro roubo da quadrilha que nos governa. O processo do roubo é simples. Em todo negócio de compra e venda há um preço acertado entre as partes. No processo de possível corrupção, combina-se um preço a mais que será devolvido ao comprador. Essa devolução obedece um processo de lavagem do dinheiro no exterior, para dar-lhe respaldo legal. Na compra de Passadena efetuada pela Dona Dilma, essa devolução, segundo o Tribunal de Contas da União, seria de quase dois bilhões de reais, dinheiro que custearia a campanha do PT com sobras, devidas aos promotores da vitória eleitoral.

Foi criada uma CPI para averiguar o comportamento da Petrobras. O jornal Estado de São Paulo, em editorial do dia 24 de dezembro último, com o expressivo título “O esforço de não investigar”, conta-nos do teatro criado pelo governo e nosso triste congresso para apagar os crimes da estatal. Para tal fizeram a gentileza de passar aos investigados, com antecedência, todas as perguntas que lhes seriam feitas. Como não vimos até hoje nenhuma contestação ao jornal, devemos admitir a vergonha e a certeza dessa história pouco honrosa ao Congresso Nacional e a impoluta Dilma Rousseff, que nos comandará por ainda mais quatro anos. Triste. Triste fim daquela gloriosa esquerda que inventou Lula e o PT, para imprimir neste Brasil as salvadoras ideias do marxismo. Triste. Acabou tudo em roubo.

Crônica publicada no Correio do Estado




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