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Opinião e atitude no Mato Grosso do Sul

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Artigos • 20 jul, 2020

O que é o Centrão


O que hoje em dia chamam de “Centrão”, teve seu nascimento na Constituinte de
1987, portanto, tem 33 anos, um ano a mais que a Constituição.
Formado pelos partidos PFL, PL, PDS, PDC e PTB além de partes do PMDB, todos eles
apoiaram José Sarney, o vice de Trancredo, que assumiu pela vice-presidência e se tornou
imortal da Academia Brasileira de Letras, dentre outras façanhas, transformou o Maranhão no
pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil.
Sarney e tantos outros são a síntese do que é o Centrão e da nossa mais profunda elite
do atraso, que começou com a colonização escravocrata portuguesa e a segue em passos
muito semelhantes, da rapina e do extrativismo predatório.
Reza a história que todo o apoio político era feito com base na distribuição de cargos,
de verbas e favores orçamentários, grande parte daqueles personagens transformaram-se nos
barões da comunicação pois Sarney distribuiu concessões de rádio e televisão para ficar 5 anos
na presidência, ao invés de quatro, como mandava a Constituição.
Este grupo compacto se arrasta no poder por mais de três décadas e está espalhado
em câmaras municipais, assembleias legislativas e no Congresso Nacional. Eles consertam
relógio, com luvas de boxe, embaixo da água da piscina.
Em 2014 teve o seu mais destemido articulador, o Deputado Eduardo Cunha, líder do
PMDB, e naquela oportunidade se chamou “Blocão”, o do “grande acordo nacional com
Supremo, com tudo” disse, o então Senador, Romero Jucá.
O deputado Rodrigo Maia deu o braço ao Centrão, mas as mãos escorregam, pois ali se
concentram hábeis negociadores, trocadores de favores e articuladores das alianças mais
improváveis.
Não há ideologia política, mas o firme propósito de se dar bem, enriquecer, conseguir
prebendas, favores, verbas, licitações e postos chaves para nomeação de aliados.
Isto tudo define a política brasileira e a sua mais proeminente elite política do atraso
que pouco se importa com o desenvolvimento econômico, com as injustiças sociais e todo
aquele discurso de transformação social e erradicação da pobreza, para inglês ver.
De outra banda, apurou-se que o número correto de militares que trabalham
atualmente na Esplanada dos Ministérios.
Em 2018 no governo Temer foram 2.765 militares ocupando cargos, com Bolsonaro
são 6.157 militares nomeados, predominantemente, da ativa.
Como fica o Centrão que abriu mão de tantos cargos?
Vem aí novas concessões de rádios e televisão, empréstimos do BNDES, e toda uma
onda de investimentos públicos e licitações durante e após a pandemia.
Enquanto Bolsonaro se entretêm com as Emas e, eventualmente, é bicado por algumas
delas, o Centrão e os militares são o poder, sustentados pelas bancadas BBB (bíblia, boi e bala).
A partilha do poder custa o endividamento do orçamento público, os tributos e a
distribuição de receitas para seus donatários.
Quem não são o poder? Pequenos e médios empresários que estão a sua própria
sorte, quebrando; os desempregados, sem qualquer proteção legal e, fundamentalmente, o
povo, que padece aos milhares, em virtude da pandemia.
Seguem os servidores públicos que estão na alça de mira de Paulo Guedes, aquele que
foi criado por pais funcionários e quer exterminá-los, junto com as pequenas e médias
empresas, as estatais lucrativas, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, a Petrobrás, que já foi
despojada do Pré Sal e claro, as terras da Amazônia e os indígenas.
Por fora, corre a centro direita e a direita radical, com discursos parecidos, de
moralidade e anticorrupção, e o mesmo discurso pastel, mas que deverão se curvar e beijar as
mãos dos líderes do Centrão, se quiserem um mínimo de governabilidade.
O Centrão desembarcou com Pedro Álvares Cabral, em 1500, e até agora continua no
poder.

Por Claudio Henrique de Castro




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