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Política

Política • 23 ago, 2021

De 1985 a 2020, Mato Grosso do Sul perdeu 57% da água que tinha


Para MapBiomas, se em 1985 o estado tinha mais de 1,3 milhão de hectares cobertos por água, em 2020 eram pouco mais de 589 mil hectares. (G1-MS)

Com a estiagem de 2020, o nível do rio Paraguai, no Pantanal caiu (Foto: TV Morena/Reprodução)

Com mais uma série de dados que mostram a situação ambiental trágica em que o Brasil vive, o MapBiomas, iniciativa do Observatório do Clima, trouxe outra informação alarmante: de 1985 a 2020, Mato Grosso do Sul perdeu 57% da água que tinha.

A pesquisa aponta que se o estado tinha 1,3 milhão de hectares, em 1985, cobertos por água, em 2020 eram apenas pouco mais de 589 mil hectares. Mais de 780 mil hectares de água foram perdidos no período, detalha a pesquisa.

Mato Grosso ficou em segundo lugar entre os estados que mais perderam água, com uma redução de quase 530 mil hectares. Com isso, o levantamento do MapBiomas detectou uma redução de água mais severa no Pantanal, mas toda a bacia do Paraguai, principal afluente do bioma, foi afetada pela redução da superfície de água. Veja a situação do rio, em Cáceres (MT), na foto abaixo.

Carlos Souza, coordenador do GT de Água do MapBiomas, explica que as mudanças no uso e cobertura da terra, construção de barragens e de hidrelétricas, poluição e uso excessivo dos recursos hídricos para a produção de bens e serviços “alteram a qualidade e disponibilidade da água em todos os biomas brasileiros”.

“Ao mesmo tempo, secas extremas e inundações associadas às mudanças climáticas aumentaram a pressão sobre os corpos hídricos e ecossistemas aquáticos”, complementa o especialista.

Souza ainda reforça que se política pública para a implantação da gestão e uso sustentável dos recursos hídricos “considerando as diferentes características regionais e os efeitos interconectados com o uso da terra e as mudanças climáticas, será impossível alcançar as metas de desenvolvimento sustentável”, detalha.

A interferência humana e a perda de água

Ao longo da bacia do Rio Paraguai, no Pantanal, várias hidrelétricas foram instaladas. Para os especialistas a perda da superfície de água natural tem consequência preocupantes e as estruturas construídas pelo homem afetam a biodiversidade e dinâmica dos rios.

“O Pantanal é um desses exemplos, com a construção de hidrelétricas nos rios que formam o bioma. Ainda, há dezenas de outras barragens projetadas para esta região, com pouca contribuição para o sistema elétrico e um grande potencial de impactos. Elas se somam a um modelo de produção agropecuária que altera o regime de drenagem da água e intensifica a deposição de sedimentos, reduzindo a vazão da água. Se esse modelo de desenvolvimento não for revisto, o futuro Pantanal está comprometido”, aponta Cássio Bernardino, coordenador de projetos do WWF-Brasil.

Conforme o levantamento, o município que mais pegou fogo entre 1985 e 2020, segundo o MapBiomas Fogo, e que mais perdeu água nesse período, foi Corumbá (MS).

O coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo, explica que “os ciclos de fogo e água estão interligados e se retroalimentam. Menos água deixa a terra e a matéria orgânica que se depositam sobre ela mais vulneráveis ao fogo. Mais fogo suprime a vegetação, que tem papel crucial para perenizar nascentes e mananciais”.

Perda de água no Brasil

Conforme o levantamento, a superfície coberta por água do Brasil em 2020 era de 16,6 milhões de hectares, uma área equivalente ao estado do Acre ou quase 4 vezes o estado do Rio de Janeiro. Desde 1991, quando chegou a 19,7 milhões de hectares, houve uma redução de 15.7% da superfície de água no país. A perda de 3,1 milhões de hectares em 30 anos equivale a uma vez e meia a superfície de água de toda região nordeste em 2020.

Os especialistas observam que a tendência de redução da superfície de água é observada em 8 das 12 regiões hidrográficas e todos os biomas do Brasil.




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