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Política • 06 fev, 2021

Ensino remoto escancara a desigualdade educacional no país


Estudo aponta que alunos pobres têm mais prejuízos com aulas à distância durante a pandemia

(RAFAELA MOREIRA )


A metodologia de ensino precisou ser alterada em 2020, com o surgimento do novo coronavírus, as aulas foram suspensas e escolas passaram a adotar o ensino remoto.

De repente, instituições, professores e alunos precisaram se adaptar a uma nova rotina de ensino, marcada por desigualdades.

Um estudo realizado por pesquisadores do Insper e que foi apresentado ao Conselho Nacional de Educação indica que o ensino a distância e as circunstâncias da pandemia aumentaram ainda mais as desigualdades entre estudantes ricos e pobres.

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A pesquisa “Desigualdade educacional durante a pandemia”, publicada em dezembro de 2020, investigou a relação entre o fechamento das escolas e os diferentes impactos educacionais entre os estudantes brasileiros.

De acordo com os pesquisadores, a desigualdade educacional entre alunos irá aumentar para todos os níveis de ensino em razão da pandemia.

No fim de janeiro, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) apontou que o Brasil tem quase 1,4 milhão de crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos fora da escola.

O levantamento mostra também que mais de 5,5 milhões de brasileiros nessa faixa etária não tiveram atividades escolares em 2020 por causa da pandemia.

A doutora em educação Ângela Costa disse em entrevista ao Correio do Estado que as consequências do ensino à distância podem ecoar por anos, impactando diretamente a educação de milhares de crianças e jovens.

“Nós não temos tecnologias suficiente e adequada para atender todos os nossos alunos, as crianças que só tem um celular em casa e que a internet nem funciona, estuda como?! No Brasil o ensino a distância foi uma lástima, o impacto foi aumentar a desigualdade que já existia na educação brasileira”, destacou.

O estudo constatou que alunos de instituições privadas estão mais preparados para acessar materiais educativos durante o período de distanciamento social, já que as escolas particulares se adaptaram melhor ao ensino à distância em comparação com as escolas públicas.

O acesso à internet para esses estudantes é significativamente maior do que alunos mais pobres.

A pesquisa também concluiu que a desigualdade educacional entre as diferentes regiões do país devem aumentar, já que alguns estados tiveram limitações muito mais acentuadas na oferta do ensino remoto; e que as próprias deficiências dos sistemas de ensino públicos podem impulsionar a evasão escolar dos estudantes.

Os reflexos do EAD já pode ser notado, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado em janeiro deste ano em todo o país, registrou taxas de abstenção recorde.

Em um dos dias do exame, mais de três milhões de candidatos faltaram: 55,3% do total de inscritos, o maior índice da história.

A especialista em educação acredita que as aulas presenciais devem voltar o quanto antes, para que o impacto não seja ainda maior.

“Eu defendo que nós temos que abrir as escolas, nem que seja para os menos favorecidos, as aulas presenciais são muito importantes, as escolas terão que ir atrás de seus alunos. Para o retorno será necessário realizar um trabalho grandioso para retomar da onde paramos”, destacou Ângela Costa.

Na última quinta-feira (04), a prefeitura de Campo Grande prorrogou a suspensão das aulas presenciais na Rede Municipal de Ensino (Reme)  até 1º de julho de 2021, ou seja, no primeiro semestre os estudantes só terão aulas remotas.

Na Rede Estadual de Ensino (REE), o calendário de 2021 começa no dia 1º de março, no modo híbrido, com revezamento de alunos entre atividades presenciais e pela internet, em razão da Covid-19.

Fonte – Correio do Estado




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