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Política • 29 set, 2023

Zeca: ‘Candidatura, apoio ao PSDB ou a Alan será decisão do diretório municipal’


O deputado estadual e ex-governador Zeca do PT disse em entrevista exclusiva à Folha de Dourados, na manhã desta quinta-feira (28), que caberá ao diretório de Dourados decidir pelo melhor projeto partidário nas eleições municipais de 27 de outubro de 2024. “A decisão dos companheiros será soberana, como sempre foi em nosso partido”, afirmou.

O dirigente pediu “maturidade” ao PT, defendeu candidatura própria e, dependendo da conjuntura política “lá na frente”, admitiu apoiar coligação com o PSDB ou com o candidato do PP, o prefeito Alan Guedes, que disputará à reeleição. Os tucanos têm três pré-candidatos: os deputados Zé Teixeira, Geraldo Resende e Lia Nogueira e ainda trabalham com as hipóteses de que o vice-governador Barbosinha e o ex-deputado Marçal Filho migrem do PP para o PSDB.

Na entrevista, Zeca destacou que as eleições municipais do ano que vem refletirão em 2026, a volta dos programas sociais e novo governo Lula, atacou as fakes news e a extrema-direita.

Leia a seguir, a entrevista na íntegra.

Folha de Dourados – Deputado, qual a importância das eleições de 2024 para o PT?

Zeca do PT – Primeiro, nós temos que ver as eleições do ano que vem com uma eleição estratégica para gente preservar nosso projeto de mudança do Brasil, transformando o país de novo, desenvolvido, sem fome, com geração de emprego e com distribuição de renda. E isso significa que para a gente continuar nosso projeto em 2026 e, pra chegar em 2026, é fundamental as eleições de 2024.

Para contrapor, por exemplo, o Centrão?

Sim, a gente tem que ter claro de que pra aprofundar as reformas estruturais que o Brasil precisa, para se transformar num país justo e que dê dignidade aos pobres, que tribute a grande fortuna e distribua renda, é preciso ampliar nossa bancada no Congresso Nacional. Não dá pra continuar submetendo Lula, hoje um líder mundial, a Lira ou por Fufuca, dependendo fundamentalmente do Centrão para aprovar suas coisas dentro do Congresso Nacional. Isso é consequência do quê? Consequência dos erros cometidos nas eleições, ao não priorizar chapa de deputados federais e de senadores. Elegemos 67 deputados federais no Brasil e uma minoria de senadores. Na Câmara Federal, a soma de todos os deputados do campo progressista é, aproximadamente 135, de 513, ou seja, Lula para governar depende das alianças que têm que fazer cedendo espaços importantes do seu governo a políticos e partidos do centro e da direita.

O que fazer?

Precisamos corrigir isso em 2024. Por isso, a eleição de prefeito, prefeita, vereador e vereadora de 2024 se reveste de extrema importância para gente ter estratégia de nos fortalecer em todos os estados da federação e, particularmente, aqui no Mato Grosso do Sul.

O que o senhor está pensando?

Nós vamos para as eleições do ano que vem com algumas coisas muito bem claras na nossa cabeça. Primeiro, nós temos muito voto. Pegar como exemplo Dourados, contra todo o marketing, contra a grande imprensa, a selvageria, o ódio, a violência da extrema direita, que não permitia nem mesmo nosso pessoal fazer campanha nas ruas, aterrorizando e ameaçando, mesmo assim quando as urnas foram abertas ficou revelado que fizemos aproximadamente 40% dos votos dos douradense, ou seja, com todas as dificuldades fizemos 48 mil votos em Dourados, o que é muita coisa.

“FIZEMOS APROXIMADAMENTE 40% DOS VOTOS DOS DOURADENSE COM TODAS AS DIFICULDADES”

As eleições municipais de 2024 serão menos tensas?         

Vamos para as eleições do ano que vem como há muito tempo a gente não ia, né? Em 8, 9 meses, Lula já mudou o Brasil, o governo do PT mudou o Brasil, que voltou a se situar novamente como uma das principais economias do mundo. Os programas sociais todos estão de volta, como Farmácia Popular, Mais Médico, Minha Casa Minha Vida, que por ser da área da construção civil vai gerar muito emprego no Brasil, enfim, a economia de vento em popa. O dólar caindo, a inflação caindo, o custo de vida caindo, uma lata de óleo de soja você pagava 15 reais do governo do maluco do Bolsonaro. O quilo de costela que se pagava 20, 30 reais, você paga hoje 12, 15 reais, ou seja, começa a sobrar dinheiro. As pessoas começam a comer mais e a partir do ano que vem, já foi oficializado pelo governo Lula, teremos aumento real do salário mínimo de acordo com o crescimento da economia. Mais dinheiro no bolso, mais consumo, consumo ao comércio, a indústria produz mais, é mais emprego, é mais dinheiro e dê retorno ao círculo virtuoso da economia; mais dinheiro, mais consumo, mais consumo, mais emprego, mais emprego, mais dinheiro, mais dinheiro, mais consumo, mais emprego.

E as fakes news, serão determinantes em 2024 com nas últimas eleições?

Não. Nas eleições de 2024, vamos poder jogar na cara da direita o quanto que é mentirosa, difamatória, terrorista. Cadê a história do fechamento de igrejas? Alguma igreja foi fechada em Dourados? Eu acho que abriram mais com a liberdade religiosa garantida pelo governo do Lula. Cadê a história de que o Brasil iria virar comunista, se transformar numa Venezuela ou algo parecido? Ao contrário, o desenvolvimento econômico que o Lula traz gera emprego, faz a indústria crescer e consequentemente contribuir com o desenvolvimento do Brasil, né? Ou seja, tudo mentira, tudo terrorismo, falta de argumento e usam às vezes dessa fragilidade pra tentar amedrontar o povo de Dourados e do Brasil. Mesmo assim, 40 por cento do povo de Dourados votou no Lula, absolutamente convencidos e silenciosamente pela mudança.

“CADÊ A HISTÓRIA DO FECHAMENTO DE IGREJAS? ALGUMA IGREJA FOI FECHADA EM DOURADOS? CADÊ A HISTÓRIA DE QUE O BRASIL IRIA VIRAR COMUNISTA”,

E quanto a Dourados?

Falando especificamente de Dourados, em primeiro lugar nós temos o desafio de até o final do ano, montar uma chapa competitiva e essa tem que ser uma prioridade. O Lula fez aproximadamente 48 mil votos, mas a gente tem que ter claro que nem todos esses votos são do PT. Uma boa parte deles, vamos dizer, a metade desses votos é de gente que não tem vínculo com o PT, são de outros partidos do campo progressista e de gente sem partido político que não queria mais os desastres do governo do Bolsonaro, e resolveu acreditar num projeto comandado por Lula. Mas se a gente considerar que dos 48 mil votos, a metade é de votos com tendências às candidaturas do PT, nós teremos aí aproximadamente 20, 24 mil votos. Fiz um cálculo. O coeficiente para eleger um vereador em Dourados é em torno de 7 mil votos. Então, nós temos condições efetivas de eleger 3, talvez até um 4º vereador. Então, não dá pra continuar com um vereador isolado, como nós temos há muito tempo, na figura do grande companheiro Elias Ishy, podemos ir muito além.

Na opinião do senhor, como construir uma chapa competitiva?

Para a gente poder eleger 3, 4 vereadores precisamos de chapa forte, abrindo o partido, convidando novas lideranças, trazendo jovens, empresários, a classe média, servidores públicos do município, do estado, do governo federal. Essa é uma cidade grande. Precisamos trazer lideranças comunitárias, lideranças do movimento sindical, lideranças indígenas, lideranças da agricultura familiar. Enfim, ampliando a base do partido teremos uma chapa competitiva.  Não dá mais para na última hora sair laçando o Joãozinho, o Chiquinho, a Mariazinha, candidaturas com apenas 100 votos. Se não abrir, vai continuar isolado. E aí em 2026, nós não fazemos deputado federal, senador, esse é o drama. Precisamos de metas. Até dezembro, ter 30, 40 nomes competitivos de homens e mulheres com base eleitoral, com respeitabilidade política na cidade de Dourados e, aí sim, teremos uma chapa de qualidade eleitoral pra eleger 3, 4 vereadores.

E quanto à candidatura majoritária, o que o senhor pensa?

Penso que no ano que vem, em fevereiro, março, a gente define nome de um companheiro ou de uma companheira com mais representatividade e condições políticas para disputar a Prefeitura e colocamos a pré-campanha nas ruas, dos bairros, na agricultura familiar, nos assentamentos, nas aldeias, quilombola e distritos. Pré-campanha para fortalecer o papel que o PT tem na sociedade, do compromisso com o povo, com o desenvolvimento de Dourados, como foi feito durante os 8 anos do governo Tetila, que mudou a cara de Dourados.

“PARECE QUE O PSDB NÃO PRECISA DA GENTE E NOS QUEREM COMO MEROS COADJUVANTES, AÍ NÃO DÁ”

Qual a opinião do senhor sobre eventual coligação com o PSDB ou mesmo com o PP, do prefeito Alan Guedes?

Veja bem, o fato de lançar uma pré-candidatura não significa que fecharemos os olhos. Em junho, julho a gente faz uma pesquisa e vê as possibilidades reais de ter sucesso. Então, precisamos estar dispostos a conversar com todos os partidos. Inclusive com o atual prefeito do Alan Guedes. Tem gente que pode se assustar ao ler essa minha entrevista, tipo assim, “mas o Alan, o Alan é do PP”. Qual que é o problema? O que diferencia o Alan, eventualmente como pré-candidato a prefeito (a reeleição), das candidaturas que serão apresentadas pelo PSDB? O que diferencia politicamente o Alan dos outros candidatos? Nada. Nada. O PP faz parte da base de sustentação e de apoio de Lula na Câmara Federal, é nosso aliado. Uma aliança do PT com o Alan vai ser a coisa mais moderna para Dourados, no meu humilde entendimento.

“QUERO DEIXAR CLARO QUE DEFENDO CANDIDATURA PRÓPRIA EM DOURADOS, MESMO PORQUE TEMOS BONS QUADROS”

O senhor acredita mesmo que Alan e o PT possam vencer o PSDB?

Quero deixar claro que defendo candidatura própria em Dourados, mesmo porque temos bons quadros já colocados como o superintendente de Patrimônio da União, Tiago Botelho, e o vereador Elias Ishy, e também da deputada estadual Gleice Jane. Mas o Alan é uma alternativa real para gente chegar ao poder caso nossa pré-candidatura não decole e aí podemos abrir uma conversa lá na frente com ele. Com o PSDB também, mas parece que eles não precisam da gente e nos querem como meros coadjuvantes, aí não dá. O atual prefeito tem potencial de somar 20, 30 por cento dos votos e o PT também. Então, nós disputaremos de igual e para valer a Prefeitura de Dourados. Mas, nessa hipótese, ao invés de ficar pedindo carguinho, vamos mostrar nosso potencial, capital político de nossa chapa apoiada por Lula e reivindicar a vice-prefeitura, a vaga de vice-prefeito ou vice-prefeita.  Faremos acordo com papel assinado e registrado em cartório de nossa participação na administração, tendo na nossa mão por exemplo a Secretaria da Agricultura Familiar e Povos indígenas, Secretaria de Assistência Social, Secretaria de Educação, o setor da Juventude. Dá para construir junto com a Alan um programa de governo, com novo projeto para Dourados e enfrentar o PSDB, seja com Marçal, seja com Barbosinha, seja com Geraldo Resende, seja com Zé Teixeira, seja com quem for. Esse é o nosso desafio, é essa atualização que precisamos chegar.

“DÁ PARA CONSTRUIR JUNTO COM A ALAN UM PROGRAMA DE GOVERNO, COM NOVO PROJETO PARA DOURADOS E ENFRENTAR O PSDB”

Evidentemente, defende essa estratégia em outros municípios…

Sim, precisamos adotar essa estratégia não só em Dourados como nas outras cidades para, com certeza, a gente sair das eleições de 2024 com uma grande bancada de vereadores, vereadoras, prefeitos, prefeitas, vice-prefeitos, vice-prefeitas e, portanto, nos projetando para 2026 ter o terceiro deputado ou a terceira deputada federal pelo PT, 4 ou 5 deputados estaduais e chance real de poder eleger Vander no Senado.

O PT é uma agremiação partidária diferente, composto por várias correntes de pensamento. Será que depois de vários mandatos, inclusive agora no 5º presidencial, das derrotas, das crises, da volta por cima, o partido disputará as eleições mais amadurecido?

Espero que esta entrevista contribua pra maturidade do PT. É minha humildade e pequena contribuição. Entendendo que, com sinceridade da minha alma, que o PT não pode se isolar. PT tem que ter neste momento a responsabilidade de entender o país, que é o partido que está mudando o país, que precisa aprofundar essas mudanças e, pra isso, nós temos que elevar o nosso nível de compreensão da realidade nacional, para que a gente saia das eleições de 2024 com uma base forte, no sentido de contribuir fundamentalmente nas eleições de 2026, para ampliar a base de sustentação do segundo (quarto) governo do presidente Lula. Ficar isolado, portanto, é um ato de suicídio. Faz muito bem para para autoestima de alguns, mas não acrescenta nada com aquilo que podemos fazer pelo Brasil. O isolamento absoluto não serve e é suicida.

Por fim, o que o senhor gostaria de dizer?

Essa (entrevista) é uma contribuição minha, né Zé? E é evidente que eu tenho claro que a decisão sobre o comportamento que o PT nas eleições do ano que vem em Dourados, é do diretório de Dourados, da militância de Dourados e que tudo será decido em encontro municipal. Expus aqui minha opinião e tem que ser respeitada como minha opinião. Afinal de contas, o PT é um partido plural que admite diferentes correntes de pensamento e é legítimo e democrático. Eu penso assim, é a minha contribuição é de afirmar que o PT tem que ter maturidade pra saber o caminho que vai percorrer em 2024, e se preciso buscar alianças que permitam o nosso crescimento na bancada de vereadores, vereadoras, prefeitos, prefeitas, vice-prefeitos e vice-prefeitas. Grande abraço a todos.




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