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Artigos • 29 abr, 2018

A política tem muito que aprender com o futebol


Luiz Augusto Filizzola D?Urso

Quando tratamos sobre política ou sobre futebol, sabemos que estamos lidando com duas paixões. Da mesma forma que o torcedorama oseu time de futebol favorito, também o militante defende, incondicionalmente,seu partido político escolhido. Em ambos os casos vemos paixões que movem multidões, que lotam estádios e avenidas, tanto para assistir um jogo, como para acompanhar um ato político ou alguma manifestação pública.

Constata-se, infelizmente, queestas duas paixões estão cada vez mais radicais, e verifica-se que atos de violência relacionados com o futebol e com política estão cada vez mais comuns. Em que pese a semelhança, existe uma diferença fundamental.

Uma luz de aprendizado pode ser notada no comportamento dos torcedores de futebol, pois sua paixão não é cega, podendo ser até incondicional, mas sempre muito crítica.Por óbvio que aqui não tratamos dos torcedores que se utilizam da violência para seu protesto.

Observa-se que, quando um time de futebol não está em boa fase, nota-se uma reação imediata vindo das arquibancadas,como forma de cobrança dos próprios torcedores. Mesmo aqueles torcedores maisapaixonados pelos seus times de futebol, utilizamseu amor como justificativa para reclamardos jogadores e dirigentes, cobrando-os melhordesempenho.

Quanto maisfanático o torcedor, maiora cobrançaporbons resultados de seus clubes, sendo que isto produzumefeito, qual seja,a grande rotatividade de técnicos e jogadores nos clubes, vale dizer, caso o jogador ou técnico nãoesteja realizando um bom trabalho, será rapidamente cortado e substituído.

Isto é uma grande lição, que deveria servir de exemplo para os filiados e militantes de um partido, todavia, infelizmente, não é o quese verificana política.

Nota-se que, muitas vezes, a paixão política está acima de tudo, e mesmo que o partido não esteja realizando um bom trabalho, ou até nos casos em que os políticos do partidoestejam envolvidos em escândalos, a devida cobrança não é realizada. A reação verificada são os ataques à oposição, sempre em defesa de suas escolhas políticas, justificando os defeitos e erros cometidos.Os políticos e filiados, ao invés de fazerem um mea culpa, sempre justificam seus insucessos, atribuindo a responsabilidade a terceiros, geralmente adversários e opositores.

Tais apontamentos prestam-se a uma reflexão, pois, a política pode aprender com o futebol, que reconhece seus erros esofre a cobrança internamente,não elegendo culpados de fora, fato ainda não verificado com frequência na política. Os apaixonados por política defendem cegamente seus partidos e respectivos líderes, e, ao invés de cobrarem mudanças internas, cobram uma mudança na conduta da oposição, aliás, muitas vezes justificam a fortuita má conduta de seus representantes pela eventual perseguição feita pelos outros partidos.

Portanto,nota-se a necessária e urgente reformulação, na busca por novos tempos e novos costumes na política, aprendendo com os bons exemplos do próprio futebol, sempre com o objetivo de evoluir e ocasionaruma grande renovação no cenário político brasileiro.

Luiz Augusto Filizzola D’Urso é advogado criminalista, presidente da Comissão Nacional de Estudos dos Cibercrimes da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim), pós-graduado pela Universidade de Castilla-La Mancha (Espanha) e integra o Conselho de Política Criminal e Penitenciaria do estado de São Paulo. Também é auditor no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) do Futebol de SP.




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