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Campo Grande, Política • 25 abr, 2018

Com direitos políticos suspensos, Delcídio do Amaral se filia ao PTC


Impedido de disputar eleições após cassação, ex-senador ingressou em partido no mesmo dia que o ex-suplente Antônio João e afirma aguardar “posicionamento da Justiça”

                                                                                          Filiação de Delcídio ao PTC ocorreu em 5 de Abril, conforme registri na Justiça Eleitoral -Marcos Ermínio-Arquivo
Mesmo com os direitos políticos suspensos por decisão de seus ex-colegas do Senado, que lhe cassaram o mandato em maio de 2016 e o impediram de assumir candidatura até 2027, Delcídio do Amaral está filiado ao PTC. Seu nome figura na lista de integrantes apresentada pelo Diretório Regional do partido à Justiça Eleitoral desde 5 de abril deste ano ao lado do seu ex-suplente Antônio João Hugo Rodrigues, do jornal Correio do Estado, de quem se reaproximou.

Em nota sobre o caso, na qual não faz comentários sobre a filiação, Delcídio lembra do impedimento de disputar eleições, imposto pela cassação no Senado –ocorrida depois de sua prisão na Operação Lava Jato, sob acusação de oferecer dinheiro para o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, fugir do país e não fechar acordo de delação premiada. Apesar dessa barreira, o texto deixa no ar a possibilidade de o ex-senador voltar a se envolver em questões políticas.
O ingresso no PTC – partido que, nacionalmente, tem como pré-candidato ao Palácio do Planalto o ex-presidente e hoje senador Fernando Collor de Mello (AL), um dos 74 que votaram pela cassação de Delcídio– chegou a ser ventilado há alguns dias, porém, acabou negado pelo ex-senador.
No entanto, registros da Justiça Eleitoral acessados nesta terça-feira (24) pela reportagem apontam que Delcídio ingressou na agremiação no dia 5 e teve o registro processado no dia 14, não havendo desfiliação ou anulação do ato na sequência.
Especialistas ouvidos pelo site Campo Grande News reforçaram que, apesar da perda dos direitos políticos, Delcídio pode se filiar a um partido desde que o estatuto da legenda não crie impedimentos. O estatuto do PTC não apresentou restrições para o seu ingresso.
Também no dia 5, ex-suplente de Delcídio e ex-candidato a senador Antônio João ingressou no partido ©Cleber Gellio/Arquivo
Na Justiça – Delcídio afirmou, na nota, que tem cumprido “rigorosamente o acordo que fiz com a Procuradoria-Geral da República, devidamente homologado pelo Supremo Tribunal Federal, que me impõe rotina severa, dividida entre o trabalho na propriedade rural de minha família, em Corumbá, e minha casa, em Campo Grande”. O acordo envolve a delação na Lava Jato, na qual chegou a ser preso.
Além dessa situação, o ex-senador frisou que está com os direitos políticos suspensos, “o que me impede de ser candidato a qualquer cargo público”. Contudo, na sequência, afirmou que no momento cuida “exclusivamente do front jurídico do meu caso e aguardo pronunciamento da Justiça, sem o qual é impossível meu envolvimento em questões relacionadas ao quadro político de Mato Grosso do Sul e do Brasil”.
A cassação incluiu Delcídio na Lei da Ficha Limpa, tornando-o inelegível por 11 anos. O senador já tentou no STF (Supremo Tribunal Federal) reaver o mandato e os direitos políticos, contestando o processo de cassação, sem sucesso. Neste ano, porém, uma turma da Corte restabeleceu a elegibilidade do ex-senador goiano Demóstenes Torres, também cassado –sob suspeita de usar o mandato para favorecer o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Reaproximação – A data de filiação de Delcídio ao PTC é a mesma do ex-desafeto político Antônio João Hugo Rodrigues. O ex-senador e Antônio João foram parceiros em 2002, quando o então petista se elegeu para o Congresso pela primeira vez –tendo o empresário como suplente.
Em 2010, Delcídio conseguiu a reeleição com outro parceiro na primeira suplência –Pedro Chaves (PRB), que herdou o mandato do então colega de chapa após a cassação. Na última disputa para o governo do Estado, em 2014, Antônio João concorreu ao Senado na chapa de Reinaldo Azambuja (PSDB), enquanto Delcídio disputou o governo. Ambos não conquistaram os mandatos que almejavam.
Naquele momento, o clima entre o então petista e o ex-suplente era de animosidade. Contudo, após a prisão de Delcídio durante a Operação Lava Jato, ambos se reaproximaram, tornando-se, agora, correligionários. Antônio João trabalha no momento sua pré-candidatura à Assembleia Legislativa, enquanto Delcídio só poderá sonhar em disputar a eleição caso haja posicionamento da Justiça lhe restaurando os direitos políticos.
Fonte: campograndenews
por: Humberto Marques



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