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Campo Grande • 19 ago, 2023

Na década de 70, Campo Grande teve 9 prefeitos “temporãos”


No período de 1970 a 1985, o município de Campo Grande (MS) teve nove prefeitos “temporãos”, ou seja, que eram indicados pelo governador, com exceção do período de 1969 a 1976, quando ainda havia eleições, sendo que elas só foram retomadas em 1985.

De 69 a 76, os prefeitos eleitos foram Mendes Canale, Levy Dias e Marcelo Miranda, depois vieram os prefeitos indicados pelo governador, que foram novamente Levy Dias, Heráclito de Figueiredo e Lúdio Coelho.

Além disso, na década de 70, Campo Grande ainda teve os prefeitos interinos, que foram Albino Coimbra, Leon Denizart Conte, Valdir Pires Cardoso e Nelly Bacha. O 1º prefeito dos anos 70 foi Mendes Canale, que administrou a Capital no período de 31 de janeiro de 1970 a 30 de janeiro de 1973.

Antônio Mendes Canale, mais conhecido como Mendes Canale, foi um contador, advogado, empresário e político brasileiro, que foi prefeito de Campo Grande e senador pelos Estados do Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul.

Filho de Humberto Canale, revolucionário de 1930 e prefeito de Miranda entre 1930 e 1932, e de Ilva Mendes Canale, ele entrou na vida política em 1945, filiando-se ao PSD e fundando a União Campo-Grandense de Estudantes (UCE).

Diplomou-se contador em 1947 pela Escola Técnica de Comércio Carlos de Carvalho, Mendes Canale formou em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso, antiga Faculdade de Direito de Mato Grosso.

Em outubro de 1950, elegeu-se deputado estadual pelo PSD no Mato Grosso, reelegendo-se em 1954 como o deputado mais votado do Estado. Em outubro de 1958, elegeu-se suplente de deputado federal, também pelo PSD, tendo ocupado por três vezes a cadeira, temporariamente.

Foi prefeito de Campo Grande de 1963 a 1967, iniciando a construção do canal de Maracaju, a fim de controlar as enchentes periódicas. Com o bipartidarismo, filiou-se à ARENA e, entre 1967 e 1968, foi chefe de gabinete do governador Pedro Pedrossian.

De 1970 a 1973, foi novamente prefeito de Campo Grande. Em novembro de 1974, elegeu-se senador pelo Mato Grosso, concorrendo pela ARENA, derrotando o candidato do MDB, Vicente Bezerra Neto.

Depois dele, foi eleito Levy Dias, que administrou a Capital de 31 de janeiro de 1973 a 30 de janeiro de 1977 e também de 19 de novembro de 1980 a 6 de abril de 1982.

Natural de Aquidauana, ele é advogado e político brasileiro filiado ao PSDB e, por Mato Grosso do Sul, foi senador e deputado federal durante três mandatos, além de prefeito de Campo Grande em duas ocasiões. Por Mato Grosso, foi deputado estadual.

Filho de Virgílio Dias e Zila Cândido Dias, ele formou-se em advogado com bacharelado em Direito pela Faculdade de Direito de Uberlândia, e presidiu a União Campo-Grandense de Estudantes (1963-1966).

Levy foi nomeado assessor da Companhia de Desenvolvimento do Mato Grosso (CODEMAT) em 1965 pelo governador Fernando Correia da Costa, permanecendo no cargo por cinco anos. Com a fundação da ARENA em 1966, ingressou no partido e elegeu-se deputado estadual em 1970, sendo eleito prefeito de Campo Grande (1973-1977).

Em 1978 foi eleito deputado federal, migrou para o PDS e retornou à prefeitura de Campo Grande (1980-1982) por nomeação do governador Pedro Pedrossian.

Já o terceiro prefeito de Campo Grande na década de 70 foi Marcelo Miranda, que foi gestor da Capital de 31 de janeiro de 1977 a 29 de junho de 1979. Natural de Uberaba (MG), é um político brasileiro, filiado ao MDB e foi eleito em 1976 como prefeito de Campo Grande.

Em 1979 foi nomeado governador de Mato Grosso do Sul, ficando no cargo até o ano seguinte. Em 1982 foi eleito senador e, em 1986, foi eleito governador de Mato Grosso do Sul.

O 4º prefeito de Campo Grande na década de 70 foi Albino Coimbra, que administrou a cidade de 29 de junho de 1979 a 7 de novembro de 1980. Natural de Corguinho, ele foi um advogado, dentista e político brasileiro, outrora deputado federal por Mato Grosso do Sul.

Filho de Albino Soares Coimbra e Luzia de Castro Coimbra. Cirurgião dentista formado na Faculdade de Farmácia e Odontologia de São José dos Campos com especialização em Radiologia Odontológica, concluindo este último em 1966.

Nos anos seguintes formou-se advogado, estreando na política ao eleger-se vereador em Campo Grande via ARENA em 1976. Durante o mandato foi líder de sua bancada e após a criação de Mato Grosso do Sul no Governo Ernesto Geisel, foi presidente da Câmara Municipal e da União de Vereadores do Estado e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Quando Marcelo Miranda renunciou à prefeitura em 1979 para assumir o governo estadual por escolha do presidente João Figueiredo, Campo Grande foi administrada por Albino Coimbra, pois Alberto Cubel Brull, o vice-prefeito eleito em 1976, exercia o mandato de deputado estadual.

Por um período de apenas 10 dias, o vereador Leon Denizart Conte foi prefeito de Campo Grande, de 7 de novembro de 1980 a 19 de novembro do mesmo ano, quando voltou a cargo Levy Dias, nomeado pelo governador Pedro Pedrossian e ficando de 19 de novembro de 1980 a 6 de abril de 1982.

Ele foi substituído pelo vereador Valdir Pires Cardoso, que ficou no cargo de 6 de abril de 1982 a 12 de maio de 1982. Ele foi deputado estadual e jornalista político. Na política, Valdir Cardoso teve atuação destacada pelo PDS, partido de direita, herdeiro da ARENA, que comandou o Congresso Nacional durante o governo militar do presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo entre 1980 e 1985.

Cardoso iniciou a carreira pela Câmara Municipal de Campo Grande em 1975 ao assumir a vaga de Antonio Carlos de Oliveira, que em 1974 havia sido eleito deputado federal. Em 1976, disputou as eleições municipais e se reelegeu vereador, chegando ao posto de presidente da Casa, que fez dele prefeito interino de Campo Grande no período de 6 de abril a 12 de maio de 1982. No mesmo ano, foi eleito deputado estadual.

Em 12 de maio de 1982, nomeado pelo governador Pedro Pedrossian, assumiu a prefeitura da Capital Heráclito de Figueiredo, que ficou no cargo até 14 de março de 1983. Ele também foi secretário estadual de Obras. Ele era um técnico competente, discreto e modesto. Hoje, seu nome identifica uma importante via pública da cidade, a Avenida Heráclito de Figueiredo, entre a região da Mata do Segredo e a Avenida Ernesto Geisel.

No lugar dele, foi nomeada a vereadora Nelly Bacha, que foi no cargo de 14 de março de 1983 a 20 de maio de 1983. Natural de Corumbá, ela é professora, advogada e política brasileira. Foi vereadora e prefeita de Campo Grande, sendo a primeira mulher a assumir o cargo.

Descendente de libaneses, formou-se em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atuou ainda no Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP), presidindo a instituição entre 1969 e 1971. Como advogada, defendeu sindicalistas sem cobrar honorários.

Admiradora de Wilson Barbosa Martins, a mãe convenceu Nelly a ingressar na política como militante. Incentivada por Martins, que estava com os direitos políticos suspensos, disputou uma das cadeiras da Câmara Municipal de Campo Grande pelo MDB, sendo eleita vereadora pela primeira vez em 1972. Foi reeleita em 1974, 1976, 1982 e 1985.

Foi eleita por seus pares presidente da Câmara em 1983, sendo a segunda mulher a ocupar tal posto. Com a exoneração de Heráclito de Figueiredo da prefeitura, foi nomeada pelo governador Wilson Barbosa Martins prefeita. No cargo por pouco mais de dois meses, autorizou obras de construção de galerias pluviais na avenida Euler de Azevedo e a construção da sede do Movimento Brasileiro de Alfabetização em Campo Grande.

O pecuarista Lúdio Coelho foi o último prefeito nomeado de Campo Grande, ficando no cargo de 20 de maio de 1983 a 31 de dezembro de 1985. Natural de Rio Brilhante, além de prefeito, foi senador por Mato Grosso do Sul, além de presidente do Banco Agrícola de Dourados.

Ele faleceu em Campo Grande, aos 88 anos, de falência múltipla dos órgãos, sendo conhecido também por declarações e atitudes quase folclóricas, pelo uso linguagem popular, direto e sincero, o chapéu de produtor rural que sempre usou, que virou seu símbolo e sua adoração por contar histórias que ele mesmo inventava.

Manteve um mini zoológico por anos em sua casa no centro de Campo Grande, até os animais serem apreendidos pelo Ibama na década de 1990. Foi responsável pela criação do bairro Aero Rancho, antes área de sua propriedade.

Sua vida também foi marcada pelo sequestro e assassinato de seu filho Lúdio Martins Coelho Filho, o “Ludinho”, com apenas 21 anos de idade em 1976, fato que ganhou repercussão em todo o país. A música “Lágrimas que choram”, gravada pela dupla Milionário & José Rico no mesmo ano, homenageava o falecido.

( Fonte – Central Sul News)




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