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Artigos • 08 ago, 2020

100 mil mortos na pandemia


(por Claudio Henrique de Castro)

Por quais razões o Brasil é o segundo país em número de mortes pela pandemia no mundo e atinge hoje a marca trágica e absurda de 100 mil vidas perdidas?

A resposta pode ser obtida na postura do governo federal, nas declarações distorcidas do Presidente, na troca de dois ministros da Saúde, na expulsão dos médicos cubanos, no ministro interino que nem é médico e na negação da ciência em muitas afirmações.

Há também as brigas políticas do governo federal com governadores, prefeitos e o Supremo Tribunal Federal (STF).

A ausência de foco no combate à pandemia e uma postura institucional da fatalidade da perda de vidas fecha o panorama tétrico.

As desinformações que surgiram desde a cloroquina até a recente, a aplicação do ozônio no ânus, sem falar na recomendação e distribuição de vermífugo, além do desprezo e negação pelo isolamento social e pouco caso para o uso de máscaras contribuem para que a população fique sem saber o que fazer. E as mortes nunca pararam, numa escalada que virou rotina de anúncio nos telejornais.

Nunca é demais lembrar também de prefeitos e governadores que estão perfeitamente alinhados com este discurso e, em boa parte, a bancada evangélica que nega práticas preventivas e prega o retorno à normalidade.

A vida tornou-se um custo necessário para a economia: “Vão morrer mesmo, e daí”?”, “Não sou coveiro” e tantas outras frases do presidente da República, repetidas por apoiadores, eleitores convictos e lideranças políticas que se elegeram com discursos do combate à corrupção e a propaganda eleitoral baseada em fake news, inverteram a ordem racional do cuidado com a pandemia. Quem se cuidou e se cuida é chamado de medroso – e as pessoas continuaram e continuam morrendo também por falta de atendimento numa estrutura de saúde sucateada e conhecida.

Para que fique registrado, seguem algumas frases ditas por Bolsonaro e a evolução da pandemia no Brasil:

– Vírus superdimensionado (9/03); 25 casos;

– Outras gripes mataram mais (11/03);

– Em 2019, 2010, teve crise semelhante (15/03);

– Não podemos entrar numa neurose (15/03) – 200 casos;

– Esse vírus trouxe uma certa histeria (17/03); 291 casos e 1 morte;

– Não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar (20/03); 904 casos e 11 mortes;

– Não dá pra fazer mais do que estamos fazendo (23/03);

– O povo saberá que foi enganado por esses governadores e por parte da grande mídia (22/03)

– Nada sentiria, ou sentiria, quando muito, uma gripezinha ou resfriadinho (24/03);

– Eu acho que não chega a esse ponto (26/03);

– A maioria das mortes não tem nada a ver com o coronavírus (27/03);

– Não estou acreditando nesses números (27/03) 3.417 casos e 92 mortes;

– Todos nós iremos morrer um dia (29/03); 4.256 casos e 136 mortes;

– Vai morrer gente? Vai! (30/03); 483 mortes;

– Vírus é igual a uma chuva. Você vai se molhar, mas não vai morrer afogado (01/04);

– Tá com medinho de pegar o vírus? (02/04); 784 mortos;

– O vírus está indo embora (12/04); 22.169 casos e 1.223 mortes;

– Eu não sou coveiro, tá? (20/04); 40.581 casos e 2.575 mortes;

– E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre (28/04); 71.886 casos e 5017 mortes;

– E agora, com a azitromicina, pode ser um alento para essa quantidade enorme de óbitos que estamos tendo no Brasil (13/05);

– Que pode dar certo, pode não dar certo [a cloroquina]. (13/05); 12.400 mortos;

– Há quase um consenso na classe médica sobre esse assunto, a cloroquina. (13/05);

– Não deu certo em lugar nenhum do mundo [o lockdown]. (14/05) (Falso)

– O mais jovem acometido [com Covid-19] dificilmente se agrava o problema dele. (14/05);

– Quem é de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma Tubaína (19/05); 16.792 mortos;

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