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Artigos • 30 abr, 2022

A fragilidade das guerras


(Por Daniel Randon)

Quando tudo indicava que estaríamos caminhando para um período mais calmo com o final da pandemia iniciou uma guerra que pode ter fins ainda mais trágicos para a humanidade.  Vivenciamos um conflito de enormes proporções em tempo real que extrapola as fronteiras da Rússia e da Ucrânia para alcançar o mundo.

Na Covid-19 já ficou clara a vulnerabilidade da cadeia logística e, no caso do Brasil, a dependência de um insumo farmacêutico básico, o IFA, fundamental para a produção de vacinas, que é integralmente importado da China.

Na guerra, o Brasil, que transaciona sua riqueza com todos os continentes, o agronegócio é diretamente atingido. De novo volta à cena a dependência de insumos que entram na composição dos fertilizantes. Parte do cloreto de potássio utilizado vem da Rússia, além de nitrogênio, fósforo e ureia fabricados a partir da exploração do gás natural.

São acontecimentos que evidenciam a necessidade e urgência de buscarmos alternativas para evitar a crise pela falta de fornecimento, principalmente no agronegócio, o maior driver do crescimento nacional.

Além das sanções econômicas, que têm contribuído para um mercado cada vez mais volátil, empresas globais estão suspendendo ou retirando seus negócios da Rússia, principalmente por pressão pública a boicote dos clientes através das redes sociais com o #boycott.

Covid-19 e conflito entre Rússia e Ucrânia expuseram o perigo das dependências do Brasil

O McDonald’s, ícone da era pós-soviética que chegou a Moscou em 1990, tornou-se um símbolo do avanço do capitalismo norte-americano sobre a queda da União Soviética. Mesmo com a ameaça de Putin de legalmente assumir o controle das empresas que interromperam suas atividades em território russo, será difícil restabelecer a cadeia, além de promover o retrocesso da economia liberal.

O conflito geopolítico deixou de ser apenas bélico e se tornou econômico, com todas as suas consequências humanitárias e que vão além da redução do PIB e do aumento da inflação. Teremos um mundo mais volátil, polarizado e menos cooperativo no pós-guerra, com riscos de novos conflitos e com o surgimento de lideranças ainda mais radicais. Um cenário nada animador que incentiva outros países a se armarem aumentando seu poderio bélico. Nos resta sermos cada vez mais autossuficientes nas cadeias estratégicas para manter presença e competitividade internacionais, gerando receita para a sobrevivência das empresas e trazendo divisas ao Brasil.  Fonte -Zero Hora

 Daniel Randon, Presidente das Empresas Randon e do Conselho do Transforma RS




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