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Artigos • 03 nov, 2020

A motivação poderá fazer de Corumbá a Fenix


A Fenix é uma ave da mitologia egípcia, a despeito disso, e como curiosi-
dade, faz-se necessário ressaltar que, de acordo com a crença do povo
egípcio, tratava-se de uma ave de extraordinária beleza, encarnação de
uma divindade, que vivia 500 anos; após essa existência, punha fogo em
seu ninho para ressurgir rejuvenicida de suas próprias cinzas. Porém, a
mitologia nada mais é do que história fabulosa de deuses e semideuses do
paganismo, é o conjunto de fábulas.

Corumbá, também conhecida como Cidade Branca, se destacou no
cenário político, econômico, social e cultural, não apenas do Estado de
Mato grosso, como também, de toda região centro-oeste brasileiro, e não
foi por acaso, eis que geograficamente, no início do Século Dezenove, ela
já detinha o segundo maior porto fluvial da América Latina, onde navios
de várias nacionalidades oriundos do Continente Europeu, aportavam na
Cidade Pantaneira, transportando turistas, empresários e mercadorias.

A fronteira com a Bolívia também se constituía em atrativo, pois que, o
país vizinho já possuía sua estrada de ferro. O Município de Corumbá
sempre ostentou o primeiro lugar no país, como o detentor do maior re-
banho bovino, portanto, além da carne, havia um subproduto que cha-
mou atenção dos empresários, qual seja, o couro. Esses empresários en-
chergaram em Corumbá, um verdadeiro Eldorado, e não demorou para
estabelecerem na cidade, com recursos humanos, maquinários, mas e
principalmente, o capital necessário para tornar realidade, o sonho que
transformaria suas vidas.

A construção civil foi aquecida, e a primeira região a receber as primeiras
edificações, foi a zona portuária. Ali foram estabelecidas as indústrias de
transformações do couro, que passou a ser exportadas como matéria se-
mi-acabada para os países europeus, logo recebendo as casas de comér-
cios, e as agências bancárias desses países. Belas residências foram edifi-
cadas, construções existentes até os dias atuais, e tombadas como patri-
monio público.

Casas de Espetáculos, Bares e Restaurantes no estilo Europeu foram ali
implantados, para maior conforto e comodidade dos novos habitantes que
logo se adaptaram ao novo estilo de vida. Porém, dias sombrios rondavam
a Cidade Branca de maneira imperceptível e cruel, qual seja, a Segunda
Grande Guerra. De uma hora para outra, toda aquela estrutura foi desmo-
bilizada, e os empresários retornaram aos seus países de origem. Foi um
terrível e mortal golpe para a economia de uma cidade predestinada a ser
um grande centro de distribuição de tudo que o Brasil produzia.

Um marasmo tomou conta da cidade, e até mesmo a população foi redu-
zida. Dizem que há males que vem para o bem. O incêndio gigantesto que
quase dizimou o Pantanal, chamando atenção até mesmo das grandes po-
tências mundiais, pode mexer com a motivação da população, dos políti-
cos, dos gestores públicos, e que as cinzas produzidas pelo incêndio possa
fazer de Corumbá a sonhada Fenix!

BENEDITO RODRIGUES DA COSTA
Economista


Um Comentário

  1. Gley dos Santos Por Deus disse:

    Eu sempre achei estranho a cidade de Corumbá(MS) sofrer um declinio econômico-financeiro nos últimos 60 anos. tão grande e velozmente. Tínhamos cervejaria, cimento, moinho de trigo, nevegação intensa Corumbá-Assunção-Montevidéo-Buenos Aires-Corumbá, ferrovia que ligava Bauru(SP)-Sta. Cruz de La Sierra(Bolivia), vida noturna intensa, futebol respeitado no Estado todo com o timaço do Maritimos, clubes sociais ativos como Corumbaense e Riachuelo, carnavais inigualáveis com desfiles de luxo e muita rivalidade entre Cravo Vermelho(de Odir Flores) e Paraiso dos Foliões(de Diocleciano Mascarenhas), um Cinema luxuoso, decorado de gesso internamente pelo Prof.Burgos, na época um dos melhores do Centro-oeste, rede hoteleira bem estruturada(Hoteis Corumbá, Venizelos, Galileo e outros), uma Rádio Difusora ZYA2 fundada em 1935, Rede bancária respeitada revezando a de origem local(Financial, Banagro, Cooperativa) com a rede oficial BB, Lavoura de MG, itaú , Induscomio, Cx.Economica. Haviam os Festivais de Música locais, destacando-se Mirha, Soruco, Norma e Tadeu Atagiba e outros prodígios. Muitas coisas fogem-me a memória. De repente as coisas foram cessando de vagar e desapareceram num piscar de olhos. Os Patriarcas foram desaparecendo lenta e progressivamente. Kassar, Sahib, Katurchi, Anache, Lotfi, Gabriel Vandoni, Chicão de Barros, Paulo Leandro, Philbois, Puccini, Oto, Lagreca, Soares (Joia Dada), Moacir(Caça e Pesca), Amador Barcaui, Nicola Kamis, Albaneze, Chamma, Delvizzio, Bertazzo, Viana, Palla, Gibaile, Filártiga, Macellaro, Cardoso do Valle, Cavassa, Mali, Baracat, Bonilha, Rolim, Dib, Loureiro, Boabaid, Cárcano, Hindi, Lemos, Por Deus e dezenas de outros grandes nomes que se dedicaram ao progresso de Corumbá, perdão por não citá-los todos. Tal como as civilizações Maia e Inca, tudo começou a parar, outras desapareceram sem deixar vestígios. Saudosos tempos. Eu vivi essa época áurea, por isso quis deixar meu testemunho.



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