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Cidades • 21 out, 2018

Rudel da MSGás revela planos


 

O diretor-presidente da MSGás, Rudel Trindade, destaca que a estatal está entre as 10 maiores distribuidoras de gás natural do Brasil

Diretor-presidente Rudel Espíndola Trindade Junior conversou com a reportagem do Jornal A Crítica para falar dessas duas décadas de contribuição com o desenvolvimento estadual

Diretor-presidente Rudel Espíndola Trindade Junior conversou com a reportagem do Jornal A Crítica para falar dessas duas décadas de contribuição com o desenvolvimento estadual – foto:Divulgação

Criada em 21 de maio de 1998, a Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul (MSGás), que é uma sociedade de economia mista composta pelo Governo do Estado e Gaspetro, completou 20 anos de operação e o diretor-presidente Rudel Espíndola Trindade Junior conversou com a reportagem do Jornal A Crítica para falar dessas duas décadas de contribuição com o desenvolvimento estadual. Ele destacou o aumento do número de unidades consumidoras de gás natural no Estado e a ampliação da competitividade do GNV (Gás Natural Veicular) com o fim do represamento do preço da gasolina e do diesel.

A CRÍTICA – Qual a avaliação que o senhor faz a respeito dos 20 anos de criação da MSGás?
Rudel Trindade – A MSGás é uma empresa que tem tido um sucesso muito grande nesses 20 anos, tanto na área técnica, quanto na área comercial. Nesse período, a estatal deu prova disso ao ser pioneira em determinadas execuções com dutos especiais e buscando sempre soluções técnicas com muita segurança, bem como a redução de custos na parte de redes de gasodutos. Na área comercial nem sem fala, pois temos registrado um sucesso enorme com o crescimento do nosso número de clientes, além do volume de distribuição de gás natural ao longo desses anos. Hoje, temos 7.786 unidades consumidoras entre residências, comércio, indústria, cogeração, termelétricas, automotivos, GNC e outras distribuições, um aumento de 25% em relação ao ano passado, quando tínhamos 6.242, sendo que o setor industrial foi o que mais apresentou crescimento, um percentual de 44%. O que notamos é que, se fizermos um ranking das companhias distribuidoras de gás natural no Brasil, gradativamente, ano após ano, a MSGás sobe um degrau e se posiciona como uma das 10 maiores do País. Isso foi alcançado graças a todo um conjunto de trabalho, incluindo a parte técnica, comercial, de gestão e financeira. Por falar nisso, a nossa área financeira é muito bem estruturada, o que deixa a companhia em uma situação confortável para, primeiro, fazer investimentos pesados e necessários e, segundo, para enfrentar adversidades sem ter grandes transtornos.
A MSGás é uma prestadora de serviços públicos e nossa principal missão nessas duas décadas de existência vem sendo cumprida, ou seja, prover infraestrutura de distribuição de gás natural em Mato Grosso do Sul. Na verdade, quando falamos de infraestrutura, não estamos pensando no Estado apenas hoje, mas como pretende ser no futuro. Dentro desse contexto, o que precisamos fazer é prover essa infraestrutura de gás canalizado e, a partir daí, possibilitar que Mato Grosso do Sul cresça dentro de uma característica de competitividade diante dos demais Estados. Evidentemente que, quando se analisa uma empresa e suas diversas opções no Brasil e fora do País, o gás natural é um diferencial. Se o empresário sabe que em Mato Grosso do Sul há essa infraestrutura de gás natural, como a existente em Campo Grande e Três Lagoas, com certeza vai optar por essas cidades para investir. Por isso, posso afirmar que, dentro desse contexto, a MSGás está atendendo o que lhe é exigido no seu contrato de concessão e contribuindo para o desenvolvimento estadual.

A CRÍTICA – Como a MSGás contribuiu com o desenvolvimento sul-mato-grossense?
Rudel Trindade – A história da MSGás começa com a história do Gasbol (Gasoduto Bolívia-Brasil), que foi um investimento iniciado em 1997 e cuja operação se deu a partir de 1999, sendo uma via de transporte de gás natural entre a Bolívia e o Brasil com 3.150 quilômetros de extensão, sendo 557 em território boliviano e 2.593 em território brasileiro. A sua principal função foi trazer desenvolvimento para os Estados brasileiros atendidos por essa extensa rede de distribuição de gás natural e, dentro desse contexto, como estamos na porta de entrada do Gasbol, Mato Grosso do Sul foi beneficiado por meio da chegada do produto. A MSGás nesse cenário ficou responsável pela distribuição desse gás natural para a Usina Termelétrica Willian Arjona, instalada em Campo Grande desde o início dos anos 2000, e, paralelamente, também desenvolvemos o mercado em Três Lagoas.
Portanto, hoje, os dois principais mercados da MSGás estão nessas duas cidades. Quando a gente fala em desenvolvimento, em termos de distribuição de gás natural, precisamos procurar grandes clientes para ancorar os nossos investimentos, tais como indústrias e termelétricas.
Em Três Lagoas, por exemplo, temos a UFN 3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados), que foi iniciada pela Petrobras e agora deve ser concluída por um grupo da Rússia, e seria um cliente-âncora, permitindo que, a partir daí, a estatal possa capilarizar a sua rede de distribuição. Quando se liga uma termelétrica, a MSGás não está só provendo aquela infraestrutura, mas também aos outros clientes, sejam eles das áreas comercial, industrial e residencial, gerando mais empregos e melhor renda para os trabalhadores. Ainda falando em desenvolvimento, quando o empresário vai investir, busca algumas características importantes para se instalar e Mato Grosso do Sul tem esses atrativos, que são abundância de água, infraestrutura rodoviária e infraestrutura energética. É nesse ponto que se encaixa o gás natural importado da Bolívia e distribuído pela MSGás aqui no Estado. Trata-se de uma fonte de energia importante e que é levada em consideração pelo empresário na hora de decidir sobre seu investimento. O fato de esse produto ter um preço competitivo em Mato Grosso do Sul e graças à rede de distribuição disponibilizada pela MSGás pesam na escolha pelo Estado. No caso de Três Lagoas, onde temos duas grandes plantas de celulose, ambas estão em franco desenvolvimento e buscando a ampliação da suas respectivas produções. As duas, que já são nossas clientes, contam com o gás natural fornecido pela MSGás para esse projeto de expansão, há essa segurança e é nesse aspecto que a estatal contribui para o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul.

A CRÍTICA – As constantes altas dos combustíveis voltam a tornar o gás natural uma opção vantajosa para os motoristas?
Rudel Trindade – Em um passado recente, por questões políticas, o Governo Federal represou o preço dos combustíveis, principalmente, os do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), o famoso gás de cozinha, da gasolina e do óleo diesel. Felizmente, para o gás natural não foi adotada nenhuma política de preços e o que estamos notando agora é um realinhamento natural dos valores cobrados por esses combustíveis. Naturalmente, o gás natural veicular, o GNV, já é mais competitivo que os outros combustíveis citados. Portanto, na medida em que a gasolina e o óleo diesel começam a atingir patamares de preços reais sem subsídios da União ou qualquer tipo de “máscara” de valores, o GNV vai ainda mais atrativo. Isso é somente uma das características positivas do gás natural, mas ainda há uma série de outros atributos que está fazendo com que a competitividade do GNV seja mais atraente em relação aos demais combustíveis.
Cito por exemplo a recente greve dos caminhoneiros, pois aqueles industriais, comerciantes, enfim, aquelas pessoas que contavam com o gás natural para tocarem os seus empreendimentos não tiveram problemas de desabastecimento porque o nosso fornecimento é contínuo. Tivemos a alteração da política de preço dos combustíveis – gasolina e diesel – e para o cliente do GNV não interferiu em nada. O preço do gás natural está competitivo, mesmo na época em que se tinha esse represamento dos preços dos demais combustíveis. Agora, nós estamos ainda mais competitivos e as recentes pesquisas dão mais de 50% de economicidade na comparação entre o GNV e a gasolina. Há 10 anos, o consumo de GNV vinha caindo, mas, no fim do ano passado, estacionou e neste ano está começando a ter um crescimento, começou a inverter a curva. Já temos um aumento de 4% na comparação de janeiro a setembro deste ano com o mesmo período do ano passado, saindo de 2.815.000 m³ para 2.918.000 m³.

A CRÍTICA – O gás natural distribuído pela MSGás hoje é um atrativo para novas empresas em Mato Grosso do Sul?
Rudel Trindade – Dependendo do tipo de consumo do empreendimento, o gás natural, com certeza, é um dos grandes atrativos para a instalação em Mato Grosso do Sul. Inclusive, a Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul) coloca no seu portfólio de atrativos para investimento no Estado o gás natural. Nesse eixo Campo Grande-Três Lagoas, onde temos muitas indústrias se instalando, o gás natural é, praticamente, uma necessidade fundamental para o processo produtivo dessas empresas.

A CRÍTICA – Como está a rede de atendimento da MSGás? Há projeto de expansão?
Rudel Trindade – Sim, nós temos um plano de negócios e, dentro dele, prevemos alcançar outros municípios de Mato Grosso do Sul em um período de cinco anos a dez anos. O que acontece no caso do gás natural é que sem grandes clientes-âncoras ou clientes de alto consumo, o investimento de expansão tem de ser feito de uma forma muito gradual para que não onere quem já está consumindo o nosso produto. Resumidamente, o processo funciona da seguinte forma: todo investimento que se faz é revertido em tarifa para ser cobrada das pessoas que já estão consumindo. Portanto, nós temos um nível de investimento que fazemos anualmente que precisa ser observado com cuidado para não extrapolar o valor da tarifa cobrado, impedindo que percamos a nossa competitividade.
Mas temos sim plano para a região sul do Estado, principalmente, o município de Dourados, que é a 2ª maior cidade sul-mato-grossense, e na região da costa leste, onde temos Aparecida do Taboado e Paranaíba, que estão se desenvolvendo industrialmente. Além disso, fizemos a contratação de um estudo de mercado que vai avaliar o Estado todo para detectar quais são as potencialidades que nós temos para fazer a nossa expansão. E, sem dúvida, nossa intenção é atender Mato Grosso do Sul pelos próximos 100 anos.

A CRÍTICA – Em que pé está o projeto de instalação de uma usina separadora de gás natural em Corumbá?
Rudel Trindade – Após 10 anos de estudos, os interessados chegaram à conclusão que esse projeto não era viável pela quantidade de GLP que vem no gás natural importado da Bolívia. No entanto, o que nós temos trabalhado bastante para Corumbá é a instalação de usina termelétrica, que ficaria entre a cidade e Ladário.
Ela seria importante para o desenvolvimento da região e seria construída pela iniciativa privada, cabendo à MSGás o fornecimento do suprimento do gás natural. Nós já temos um ramal próprio em Corumbá construído há muito anos e não precisaríamos usar o Gasbol, o que já seria uma importação direta da Bolívia para essa térmica. Porém, como estamos em uma fase política complicada devido ao fim do contrato da Petrobras com o governo boliviano em 2019 e esse momento para se fazer uma negociação em paralelo com um ente privado fica complicado. No entanto, já conseguimos um termo da Bolívia para que esse projeto participasse do leilão de energia em agosto, mas não foi aceito. Entretanto, com a crise energética, acredito que há uma luz no fim do túnel e o governador Reinaldo Azambuja deve ir novamente à Bolívia reabrir essa negociação, que já está bem avançada.

 




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