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Política • 24 maio, 2022

Como são feitas as pesquisas eleitorais? Diretor da Ranking, responde


Recebemos nesta terça-feira (24) no Giro Estadual de Notícias, o diretor e proprietário do Instituto Ranking Brasil para esclarecer esse processo.

As pesquisas eleitorais são mecanismos fundamentais para analisar o cenário prévio às eleições. Em 2022, para se ter uma dimensão da influência, pesquisas recentes foram um dos motivos para desistência do ex-governador de São Paulo, João Dória (PSDB) da corrida pela presidência do Brasil.

Além disso, elas também indicam para onde os votos vão nos casos da saída do pleito, o exemplo local é o do ex-governador de MS Zeca do PT. Assim, a pesquisa é um retrato momentâneo do cenário. Para esclarecer esse processo, recebemos nesta terça-feira (24) no Giro Estadual de Notícias, o diretor e proprietário do Instituto Ranking Brasil, Antônio Ueno.

Confira a entrevista abaixo:

Muitas pessoas falam que nunca foram entrevistadas eas pesquisas. Como o diretor analisa isso?

Para você sentir o sabor de um café não precisa tomar a chaleira inteira. Uma explicação bem clara, basta tomar uma xícara de café e você vai sentir o sabor de todo o café.

João Dória (PSDB), ex-governador de São Paulo, desistiu da pré-candidatura à presidência da República. Ela veio por conta dos péssimos resultados das pesquisas. Além disso, pesquisas valem para outras análises. Qual é a importância da pesquisa?

As pesquisas eleitorais surgiram fortes nos anos 60 nos Estados Unidos. E são países tradicionais em fazer pesquisas, assim como alguns da Europa e Japão. Qualquer situação que eles precisam fazer um empreendimento, a primeira coisa que contratam é um instituto de pesquisa, consultoria e assessoria. Um exemplo bem claro em Campo Grande. Em 2012, uma empresa contratou o grupo que eu fazia parte para uma pesquisa na Capital a respeito de onde caberia um novo shopping. O local escolhido foi em frente ao Aeroporto de Campo Grande e o segundo ponto foi o Parque Sóter. A empresa achou por bem construir na saída para Cuiabá e deu no que deu, até hoje o empreendimento não conseguiu dar resultado. Na prática, a importância de uma pesquisa. Eu trabalho com pesquisa em Campo Grande desde 2012 e nós tivemos algumas situações que entraram para história do mundo da pesquisa no Estado. Temos bons institutos no Estado e a Ranking faz parte.

Importante trazermos uma contextualização sobre como o processo é feito. Qual o custo para uma pesquisa?

A pesquisa eleitoral é muito diferente de uma enquete que você coloca na internet. Eu vejo algumas citando que ‘tantos milhões’ de pessoas responderam. Não é a quantidade que vai responder que vai ser o resultado preciso. Você tem que ter um plano amostral, que é ‘um projeto de uma casa’. Você tem que começar pela estrutura, pelas colunas. Então, você vai analisar sexo, renda, escolaridade e religião. Aí você vai em questão de município, eleitores e pelos segmentos. Os institutos utilizam os planos amostrais para que o resultado seja muito próximo ou a realidade do que está acontecendo. Lembrando que há uma margem de erro para cada pesquisa e dentro é onde o instituto deve acertar. Eu sempre digo, o cartão de visitas de um instituto são os acertos. Se ele não tiver, fica difícil acreditar naqueles resultados. O Ranking tem aqui no Mato Grosso do Sul algumas situações interessantes. Por exemplo, a eleição da OAB. As últimas três nós cravamos, a eleição de Sidrolândia cravamos também. Recentemente a eleição suplementar de Angélica, também cravamos. Em 2020, de 51 municípios, nós acertamos 48. Dois municípios nenhum instituto acertou, Dourados e Costa Rica.

Apesar dos bons resultados, existem muitas dúvidas. Algumas pessoas não acreditam nas pesquisas. A que o senhor atribui essa descrença nas pesquisas?

A pesquisa é o retrato do momento. Por exemplo, o Dória saiu do cenário eleitoral, então as próximas não vão constar o nome dele. Logicamente que os resultados serão diferentes. Aqui no Mato Grosso do Sul tivemos o caso do Zeca do PT que desistiu. Ele estava muito bem, chegou a aparecer com 15% na pesquisa estimulada. Quando ele sai do cenário, os votos vão migrar, os números vão mudar. No início de 2021, o resultado das eleições era um em MS. Restando menos de cinco meses para as eleições, o resultado é outro. Com isso, pode ter mudanças ainda até chegar o dia da eleição. O Instituto acompanha todo o processo eleitoral. Agora, um detalhe importante é que as pessoas gostam de pesquisa, mas ninguém gosta de pagar. Ela é cara, é investimento. Hoje uma em nível de Mato Grosso do Sul, fica em torno de R$ 35-40 mil. Ninguém quer tirar esses recursos para investir.

A dúvida de muitas pessoas gera em torno do candidato que a apoiam não ter aparecido ou que está em resultado inferior. Os que estão bem nas pesquisas não contestam. Como o diretor observa isso?

O candidato A tem uma forte influência na classe A e B, ele vai muito bem. Só que muitas vezes não atinge outras. Outro exemplo, o Marquinhos Trad está bem em Campo Grande, só que ele fica nos municípios mais distantes da Capital, ele não chegou. Ou seja, vai aparecer menos. Quando você faz a pesquisa eleitoral não está visando só a Capital. Tem que fazer contemplando todas as regiões. A última foi feita em 30 municípios, contemplando cerca de 70% dos eleitores de MS. Procuramos registrar os nossos entrevistadores quando vão ao interior do Estado, tiramos fotos, arquivamos localizações. Fazemos os arquivos para comprovar que estivemos na cidade. Acaba sendo um documentário do trabalho que o instituto está fazendo. Você não tem só que ser honesto, tem que provar que é honesto.

O instituto vem fazendo pesquisas para as eleições deste ano. Qual a diferença que você notou em comparação às anteriores?

As eleições em Mato Grosso do Sul sempre foram concorridas, mas com poucos candidatos fortes. Em 2018, tivemos três candidaturas competitivas e nos anos anteriores sempre foram polarizações. Agora, a eleição de 2022 é diferente, nós temos fortes candidatos como ex-governador André Puccinelli (MDB), ex-prefeito de Campo Grande Marcos Trad (PSD), ex-secretário de Governo Eduardo Riedel (PSDB), Capitão Contar (PRTB) e Rose Modesto (União). Então, são pré-candidatos competitivos que vão decidir a eleição somente no segundo turno. Qualquer um dos cinco pré-candidatos podem estar lá. Eu posso adiantar que a eleição em MS será de dois turnos. Salvo se alguns desistam.

O diretor analisa que o pré-candidato tem muita influência sobre o pensamento do eleitor?

Eu fico feliz de ver os partidos questionando na Justiça Eleitoral os resultados, plano amostral do Instituto Ranking, que é uma prova da gente mostrar que nós estamos fazendo a coisa certa. Um dos itens que colocamos em uma nota divulgada recentemente foi a respeito da onde vem os recursos para bancar uma pesquisa eleitoral. Então, repassamos para a Justiça Eleitoral que a empresa é saudável, tem recursos em caixa, declarados, no balanço anual. Ou seja, temos como comprovar que a empresa tem os recursos. Outra questão que citamos é que nós repetimos o plano amostral. Mas é justamente aí que está a nossa assertividade. Quando nós repetimos o plano, vamos percebendo a mudança do eleitor. Com a saída do Zeca do PT, hoje o Instituto sabe para onde migrou os votos.

Para finalizar, algumas pessoas dizem que as pesquisas são para influenciar o eleitor a votar quem está na frente. Como funciona o processo de entrevista?

A pesquisa é espontânea e estimulada. As estimuladas quando você apresenta os nomes para que o eleitor venha a escolher. Hoje nós temos sete pré-candidatos ao Governo de MS. Então, apresenta os sete nomes e o eleitor escolhe em quem quer votar. Com certeza quem dá as entrevistas, quer acompanhar quem está liderando. Mas nós informaremos os resultados da pesquisa. Cabe ao eleitor decidir, votar e democraticamente escolher seu candidato. Moramos em um país onde todos têm a liberdade, inclusive os institutos de pesquisa em fazer pesquisa.




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