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Política

Política • 20 set, 2018

Entre a cruz e a caldeirinha


À medida que a eleição de outubro se aproxima, a situação se torna dramática para o eleitor brasileiro. E não apenas para o eleitor, mas para o próprio Brasil. O cenário é daquele antigo provérbio português do “se ficar, o bicho come; se correr, o bicho pega”. Pelo menos, a julgar pelos mais recentes boletins de pesquisa de intenção de voto.

Com todo o respeito a tais institutos, não acredito neles. Têm falhado reiteradamente. A sistemática usada para avaliar a tendência eleitoral com base em uma quantidade mínima de eleitores não pode ser correta e não espelha a realidade. O diabo é que, se não espelha a realidade, influencia o eleitor e conduz o voto dele, sobretudo daquele infeliz que confunde eleição com corrida de cavalos e não vota no candidato que dizem não ter chance de ganhar o páreo.

Na hipótese que começa a se formatar de um segundo turno entre o homem da bala Jair Bolsonaro e o novo “poste” de Luiz Inácio, Fernando Haddad, eu poderia vangloriar-me de ter mais de setenta anos e o voto ser-me facultativo. Mas aí lembro-me de que, embora não precise votar, estou vivo. E, como tal, sofrerei os efeitos do resultado eleitoral.

O Brasil não merece tais opções. Depois da ditadura, de Sarney, Collor, FHC, Lula, Dilma e Temer, era só o que faltava! Tanta luta para isso?!

O capitão reformado representa um sério perigo para democracia brasileira, ainda incipiente e frágil. Prega a violência, o autoritarismo, o preconceito, a discriminação, o ódio às minorias, o armamento da população e o combate à bala, justo no momento em que o país mais precisa de paz, harmonia e união. Politicamente é vazio, oco, sem bagagem e sem currículo. Deputado federal durante sete legislaturas, não tem o que mostrar, nada fez em favor do Brasil e da população brasileira. Soube apenas criar confusão e disseminar a discórdia. Não tem programa de governo, confessa não entender nada de administração e de economia. Por isso, coloca tudo nas mãos de um guru chamado Paulo Guedes, que nem os seus eleitores sabem quem é, mas que já anunciou o desejo de recriar a maldita CPMF.

Como militar, Bolsonaro foi igualmente medíocre. A grande maioria dos homens de farda, se não o considera um “bunda suja”, por não haver galgado degraus na escala hierárquica, acha-o um estorvo, uma desmoralização para a classe. Há ainda aqueles que lembram do plano idealizado pelo capitão, então na ativa, batizado de “Beco sem saída”. A intenção era explodir bombas de baixa potência em banheiros da Vila Militar, da Academia Militar de Agulhas Negras, em Resende (RJ), e em alguns quartéis, como mostra da insatisfação da oficialidade com o índice de reajuste salarial a ser anunciado. “Serão apenas explosões pequenas, para assustar o ministro [do Exército, Leônidas Pires Gonçalves]” – justificava o “estrategista” que agora quer governar o Brasil.

Além do que, Jair Bolsonaro tece loas a um dos períodos mais tristes e trágicos da vida nacional, o período dos generais, em que o povo vivia assustado e era proibido de pensar. Até as Forças Armadas querem esquecê-lo, mas Jair Bolsonaro faz questão de enaltecê-lo e cercar-se do que há de pior no meio castrense.

Fernando Haddad é outro risco para a atual vida nacional. Representa um lamentável retrocesso, é outro “poste” criado pelo apenado Lula da Silva, que comanda o espetáculo de dentro da cadeia, tal qual Fernandinho Beira Mar e outros líderes do Comando Vermelho e PCC.

Com Haddad no Planalto, voltará à cena toda aquela marginália que infestou e dilapidou o Brasil nos últimos 16 anos e que fez os brasileiros saírem às ruas e exigir providências.

Quem ainda não está na cadeia, retomará o Forte, liberará os prisioneiros, a partir do chefão, desafivelará as tornozeleiras eletrônicas, “justiçará” os infiéis delatores e reiniciará o banquete.

Haddad foi um péssimo prefeito de São Paulo. Foi rejeitado pela absoluta maioria dos paulistanos e perdeu a reeleição já no primeiro turno. Suas realizações à frente da prefeitura foram a criação da pior ciclovia do mundo, a implantação de faixas exclusivas de ônibus fora dos grandes corredores de circulação, a liberação de terrenos públicos para invasão, a permissão para a ocupação de áreas de mananciais e a desvalorização do patrimônio público, entre outras.

Mas ele promete “resgatar o Brasil de Lula, destruído pelo golpe de 2016” (…), “retomar os investimentos para geração de emprego e para superação da pobreza”. Mais: “Vai garantir a construção de moradias, a proteção do meio ambiente, a reforma agrária e a melhoria da saúde e da segurança”. Pelo menos é o que consta de sua plataforma política, informada pelo Google e que ele não tem vergonha nenhuma de divulgar. Tem gente que acredita.

Socorro, São Tomás More!!!

Por Célio Heitor Guimarães – Blog do Zé Beto




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