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Política • 19 jun, 2022

Senador Nelson Trad: “Nesta eleição, o segundo turno já começa no primeiro”


( por Gabriel Neri) – Nelson Trad (PSD) é ex-prefeito de Campo Grande, ex-deputado estadual e vereador pela Capital. Em 2018, foi eleito para uma das vagas ao Senado por Mato Grosso do Sul e está no meio de seu mandato de oito anos. Ele cedeu entrevista do Giro Estadual de Notícias nesta semana e o assunto principal foi a eleição de 2022. Ele destacou que o Partido Social Democrático (PSD) deve ser neutro para o pleito de outubro e que no contexto nacional, o primeiro turno dará indícios fortes para o segundo.

Além disso, ele comentou que a eleição para o governo de MS será decidida por detalhes e que ao menos quatro pré-candidatos têm fortes chances de estarem no segundo turno no dia 28 de outubro. Por fim, explicou a situação do seu primo e ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e fez uma autocrítica do mandato em Brasília.

Confira a entrevista abaixo:

O PSD é uma das siglas que mais tem se destacado e deve trazer bons resultados nas eleições deste ano. O senador como presidente do Diretório Estadual, como analisa o pleito de 2022?

A avaliação é de uma expectativa muito positiva, para confirmar isso somente o eleitor entender que o PSD pode se propor dentro daquilo que imagina. É assim que se faz a afinidade ideológica entre o partido e a sociedade. Uma condição que quero ressaltar é que procuramos colocar a legislação eleitoral no sentido de tentar, após os resultados das eleições, diminuir o número de partidos que tem no Brasil, hoje temos mais de 30 partidos e não se tem 30 correntes ideológicas diferentes. Então, essa questão de não poder coligar e de deixar a chapa das eleições proporcionais somente com chapa pura vai restringir o número de partidos sobreviventes na eleição. Até para facilitar a escolha do eleitor. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem praticamente dois partidos, os Democratas e os Republicanos. E eleição nacional tem uma vitrine muito forte em processo de eleição gerais. Hoje o PSD é um partido tido como independente, tem uma ala que defende uma parte e uma ala do partido de igual tamanho que defende o outro lado.

Essa eleição é interessante porque criou uma bolha de polarização entre Jair Bolsonaro e Lula que praticamente ninguém da terceira via consegue furar a bolha. Eu costumo dizer que, nesta eleição, o segundo turno já começa no primeiro. Porque dificilmente alguém vai ganhá-la no primeiro turno. Teremos um preparativo muito forte para o segundo turno já no primeiro. A tendência do PSD é ficar em uma neutralidade e respeitar a posição dos Estados. Tem Estado que torce para o Lula e tem Estado que torce para o Bolsonaro.

Ainda sobre a terceira via, recentemente o PSD firmou o apoio à pré-candidata Simone Tebet (MDB) à presidência. Hoje ela representa essa alternativa. O senador acredita que o fato da Simone apresentar resultados pequenos é por conta do nome dela ou pela falta de força da terceira via?

Você não pode prever o que passa na cabeça do eleitor. A tendência que eu observo é que criou-se uma polarização tão forte entre Lula e Bolsonaro que repele, inibe e afasta possibilidade de quem está na terceira via de prosperar com algum número interessante. Eu ouvi o cientista político Antonio Lavareda e ele cita que no Brasil tem o voto útil. Se alguém da terceira via começa a aparecer e um que esteja no mesmo campo começa a patinar, há a seguinte história: ‘para fulano não ganhar, vamos eleger esse aqui para vermos o que vai acontecer’. Eu quero ressaltar que a condição que a senadora Simone Tebet conquistou, sendo representante do Mato Grosso do Sul, é muito difícil. Ela precisa ser louvada por ter conquistado esse espaço. Primeiro que é a única pré-candidata mulher que tem nesse processo. Segundo, ela é de MS, onde um contingente eleitoral, se comparado com os grandes estados, é muito pequeno. Para algum representante desse contexto político conseguir aparecer a nível nacional não é fácil. Podem ter a preferência que quiser, temos que parabenizar os passos da Simone.

Falando ainda do PSD, temos de falar do pré-candidato e irmão do senador, Marquinhos Trad. Ele está na corrida eleitoral para tentar o cargo de governador em outubro. Como o senador avalia essa pré-candidatura?

Essa é uma eleição que temos de procurar entender o quadro que está colocado. Eu falei com ele e citei que o Marquinhos é uma pessoa determinada. Uma pessoa que desde pequeno, depois da minha mãe, eu sou a pessoa que mais conviveu com ele. De todos os filhos, ele é o mais corajoso, porque ter coragem de renunciar a três anos da prefeitura para se habilitar a fazer mais por Campo Grande e Mato Grosso do Sul é uma atitude, no mínimo, louvável. Ele está em uma idade que costumamos dizer estar com uma vontade, disposição, uma saúde para fazer as andanças dignas de ser registrada. No pouco tempo de pré-campanha está faltando menos de 15 cidades do estado para visitar. Ele me disse que vai às 79 cidades antes da convenção. É um candidato competitivo, assim como os outros. É um quadro interessante onde os detalhes devem ser observados. Quem errar em detalhe vai ser ultrapassado pelo outro e vai custar uma não ida ao segundo turno. Eu acho que deverá ter dois turnos em MS.

Então, o senador acredita que o governador deve ser escolhido em segundo turno?

Com certeza absoluta. Se você fizer um raciocínio lógico e matemático e muitas vezes reproduzir certinho o que os números mostram são exatos. Eu penso que o candidato que representa a esquerda deverá ter 10% no mínimo, o que representa direita 10% ou mais. No universo de 100, tirando 20, sobra 80%. Esses votos estão sendo disputados por quatro candidatos de médio para forte de intensidade política. Então, distribuímos para cada um. Quem passar um pouco de 23-24%, garante o lugar para o segundo turno. É uma eleição de detalhe e eleição de segundo turno é uma outra. Zera tudo e começa na segunda pós-resultado divulgado no domingo eleitoral.

Ao que se indica, o presidente Jair Bolsonaro (PL) vai apoiar o pré-candidato Eduardo Riedel (PSDB). Como você analisa essa decisão do PR? Marquinhos deve apoiar qual pré-candidato à presidência?

O Marquinhos está dentro de um respeito e praticando dentro de suas andanças uma neutralidade ao que quer ser Bolsonaro, que continue sendo, e ao que quer ser Lula, continue sendo. O retrato eleitoral do Marquinhos é muito das pautas sociais com atenção voltada ao que mais precisa. Essa é a característica eleitoral do Marquinhos, ele está mais próximo dessas pautas sociais, mas respeita a história conservadora de valores de família, princípios, educação que são defendidas pelo Bolsonaro. Em uma eleição a nível regional como essa, as pessoas conhecem muito bem a história de cada um. Nosso estado é considerado pequeno comparado ao Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Aqui todo mundo se conhece. A questão de apoio desse ou daquele, na minha avaliação, influi pouco. Eu acho que vai ser considerado não muito eficaz o apoio para qualquer candidato. Aqui o eleitorado conhece muito bem cada e deu prova em outras eleições que a questão de apoiar para transferir voto não ocorre em MS.

Estamos falando do presidente Jair Bolsonaro, o senador tem uma ótima relação com o PR. Há um tempo, foi cotado para ser ministro dele. Como está essa relação hoje?

Política, quando tem especulação, é igual onde tem fumaça tem fogo. Realmente isso aconteceu, mas não foi o momento que o partido entendeu que deveria contribuir com o atual governo. Eu tenho que ser justo, não posso reclamar das ações que tenho feito em parceria com o governo Jair Bolsonaro. Eu já viabilizei R$ 1,4 bilhão e isso é fruto de parceria, credibilidade, confiança e acreditar nos projetos que o Governo Bolsonaro tem para o nosso mandato. E o nosso gabinete é de portas abertas para receber a classe política de MS independente de partido para apoiar a cidade que ele representa.

Em relação ao seu mandato, você acredita que até o momento está cumprindo o que prometeu? Faltou alguma coisa?

Esses dias eu fiz essa pergunta. Você tem que ter uma autoavaliação do seu mandato e não dá para deixar todo mundo satisfeito. Nem Jesus Cristo conseguiu isso. Tem algumas pautas que as pessoas não concordam da nossa posição. Isso tem que ser respeitado, tem que ser admitido e eu procuro focar na resolutividade da liberação de recursos. Esse é o meu foco de fazer com que chegue nos quatro cantos de MS os resultados do meu mandato.

Para finalizar, temos de comentar a situação do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Hoje é pré-candidato ao senado, mas a popularidade dele caiu muito. Como está a situação dele?

Eu tenho a certeza que a candidatura do Mandetta é competitiva àquele que está pleiteando que é o senado. Se você fizer um retrospecto da atuação política dele na pandemia do coronavírus, ele foi uma pessoa que se destacou nessa atuação. Saiu do governo e se habilitou para ser candidato a um cargo majoritário. Entrou em um partido que acabou sendo construído de novidade nessa eleição. Partido que tem uma força política muito grande, que é o União Brasil. Mandetta vai disputar a eleição em um campo político forte. Então, é competitiva. É uma vaga só para o senado e é um candidato que vai com certeza fazer um bom papel nas eleições.

Fonte – A Crítica. de Campo Grande – MS




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