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Campo Grande • 24 jun, 2018

‘No MS, quando a agropecuária vai bem, a economia também vai bem’


Com 81,25% dos votos válidos, Mauricio Saito foi reeleito para a presidência do triênio 2018/2021 da Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul – no sábado (16), em Campo Grande. A posse formal da nova diretoria acontece no dia 14 de agosto.

A eleição aconteceu na sede da Casa Rural, onde os delegados dos sindicatos rurais do estado registraram o voto para a nova gestão, que foi disputada entre os candidatos Mauricio Saito e Terezinha Cândido.

A nova diretoria eleita tem como vice-presidente Luis Alberto Moraes Novaes; diretor-secretário Frederico Stella; e como diretor-tesoureiro Marcelo Bertoni.

Mauricio Saito é graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e pós-graduado em Administração de Empresas Agrárias pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Possui ainda MBA em Gestão Empresarial pela Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE), da Fundação Getúlio Vargas. Produtor rural desde 1996, com atividades em Mato Grosso do Sul, é conselheiro da Fundação MS e foi aluno da primeira turma do curso Líder MS, promovido pela Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), em 2003.  Foi presidente do Sindicato Rural de Itaporã por duas gestões – de 2002 a 2005 e de 2008 a 2011 –, foi presidente da Cooperativa Agrícola Mista Serra de Maracaju (Coopsema), de 2008 a 2010, e presidiu a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS) de janeiro de 2014 a agosto de 2015. Eleito presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), assumiu a gestão da entidade em agosto de 2015. Entre 2016 e 2017 foi, também conselheiro do Condel/Sudeco (Conselho Deliberativo de Desenvolvimento do Centro-Oeste), autarquia que gerencia o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) e o Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO). No cargo, representou o setor produtivo e empresarial do Centro-Oeste do Comércio, Indústria e Agropecuária.

A Famasul é uma entidade sem fins lucrativos, atua na representação dos produtores rurais e congrega 69. É uma das 27 instituições sindicais de grau superior que integram a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Acompanhe a entrevista com Maurício Saito:

A Crítica – O senhor teve mais de 80% dos votos, o que significa que sua administração tem agradado ao produtor rural de MS. O que será feito a partir de agora na Famasul?

Maurício Saito – Primeiramente, quero agradecer a cada um dos sindicatos rurais, representantes de produtores e de seus municípios, que vieram participar do processo eleitoral amplamente democrático, no qual houve a consolidação dessa gestão. E agora vem um novo desafio, a partir de agosto de 2018, com essa nova diretoria composta por 38 municípios de Mato Grosso do Sul, com a vontade de continuar levando a capacitação aos produtores rurais. Mais do que isso. tentar levar a nossa representatividade para atender à demanda do produtor rural.

A Crítica –Os problemas enfrentados pelo produtor rural são comuns, tanto aqui no Centro-Oeste, como no restante do Brasil?

Maurício Saito – São comuns. Naturalmente, aqui na região Centro-Oeste, temos algumas características diferenciadas, principalmente quanto à questão de logística. O transporte é um pouco mais dificultado, se lembrarmos que nesses últimos 40 anos tivemos uma evolução significativa de produção dentro do nosso Estadoe também dentro dos estados do Centro-Oeste, notadamente Mato Grosso e Goiás.

Hoje, somos responsáveis aqui no Centro-Oeste, junto com uma parte da região Norte, por 50% da produção de grãos do nosso País. Apesar dessa evolução pujante, não houve investimentos em infraestrutura e logística, o que nos traz como consequência uma maior dificuldade, uma diferença de preço de competição com os demais estados produtores.

A Crítica – Um problema que se verificou recentemente foi em relação ao preço do combustível. O governo de MS baixou a alíquota do ICMS. Como isso contribuiu para o produtor?

Maurício Saito – Temos que considerar que para os produtores rurais é de fundamental importância essa diminuição da alíquota do ICMS. Tivemos agora na última safra 50% dos custos operacionais agrícolas vinculados ao óleo diesel, e naturalmente isso traz como consequência o aumento do custo de produção. Tivemos um aumento natural nos últimos anos, que tem acontecido de maneira significativa no custo de produção das nossas atividades e por isso essa necessidade de adequação. Principalmente quando verificávamos que da composição do preço do óleo diesel, quase 30% são vinculados a tributos e por isso a necessidade da diminuição da alíquota de ICMS.

A Crítica – Sobre o tabelamento de preços do frete, proposto pelo governo, qual a posição dos produtores?

Maurício Saito – Em relação ao tabelamento de preços do frete temos um posicionamento muito claro e somos contra. Exatamente porque acreditamos na necessidade da adequação de mercado. Toda vez que há uma interferência em relação à precificação de qualquer tipo de item que seja composto da nossa atividade traz como consequência um prejuízo. Isso porque há necessidade do livre mercado, para que ele mesmo se adeque à oferta e demanda.

A Crítica – Quanto representa o agronegócio para a economia do Estado?

Maurício Saito – Primeiramente, se formos pensar em termos de exportação, quase 95% dos produtos exportados de Mato Grosso do Sul vêm do agro. E muito mais do que pensar em geração de valor bruto de produção, temos de avaliar que a agropecuária é a principal característica de Mato Grosso do Sul. O valor bruto de produção da agropecuária é de R$ 28 bilhões, então dá para fazer uma relação com o que tem aqui no Estado para traçar um comparativo. Mas, mais do que isso, é pensar que a vocação de Mato Grosso do Sul é a agropecuária. Então, todo o trabalho realizado pelas outras cadeias, outros segmentos, são vinculados a essa atividade. Quando a agropecuária vai bem dentro do nosso Estado, a economia também vai bem.

A Crítica –Embora a agropecuária seja a principal atividade econômica do Estado não significa que não se deve investir em outros segmentos. Correto?

Maurício Saito – Imaginemos o seguinte: quanto mais indústrias vierem para o Estadode Mato Grosso do Sul, maior será o valor agregado naquilo que fazemos muito bem, que são os produtos primários.Quanto maior o fortalecimento dessa agroindústria, você traz como consequência uma maior empregabilidade e naturalmente para o comércio há uma movimentação muito maior. Depois, você leva para o setor terciário, de serviços, equando você tem uma economia que é puxada pelo setor produtivo, você tem um incentivo à produção do setor terciário, fazendo com que os profissionais liberais tenham uma atuação muito maior. Então, a vinculação da nossa atividade, a manutenção e sustentabilidade da agropecuária é totalmente vinculada aos demais setores.

A Crítica – O Estado é um ponto importante de escoamento da produção, principalmente para o Mercosul. Agora, com a Rota Bioceânica, deverá expandir ainda mais essa economia, principalmente do Centro-Oeste e Sudeste?

Maurício Saito – Sem dúvida! Se imaginarmos o ganho competitivo dos estados concorrentes em relação à produção primária, exatamente pela questão de proximidade com o porto, de escoamento, eles têm uma precificação melhor. A partir do momento que você abre uma alternativa de rota naturalmente torna o Estado mais competitivo, principalmente àqueles que são competidores. Muito bem dito, a região Norte já tem algumas saídas pré-estabelecidas e também não tem o volume de produção que temos hoje. Volto a dizer, o Centro-Oeste, juntamente com alguns estados do Norte, é a região responsável por quase 50% da produção de grãos e não há investimentos de melhora em infraestrutura e logística nessa mesma proporção do nosso crescimento.

A Crítica – A logística, na questão de estradas, necessita de alternativas para o escoamento da produção?

Maurício Saito – Além da precariedade, existe a falta de rodovias para fazer com que haja esse trânsito dos nossos produtos. Há hoje no País, perto de 65% de modal rodoviário para escoamento dos produtos e trânsito de toda a sociedade. Ao imaginarmos que há possibilidade de investimentos em ferrovias e também em hidrovias, um potencial que temos muito forte, você faz com que diminua esse modal rodoviário e de trânsito em excesso nessas rodovias, levando como consequência, até pensando como sociedade, à segurança do cidadão.Porque, a partir do momento que você tem uma adaptação melhor dessa transferência de produtos que temos na região Centro-Oeste, melhora o trânsito exagerado e a segurança.

ALBERTO GONÇALVES 

A CRÍTICA




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