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Saúde

Saúde • 18 mar, 2024

Março Azul: Unidos Contra o Câncer Colorretal


 

Estima-se que em 2020 tenham ocorrido mais de 1,9 milhão de novos casos e 935 mil mortes relacionadas ao câncer colorretal. Somente no Brasil, foram registrados 20.540 novos casos em homens e 20.470 em mulheres, com incidências estimadas de 9,1% e 9,2%, respectivamente. É, então, o terceiro tipo de câncer mais comum entre os homens e o segundo entre as mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Nesse contexto, o Março Azul, campanha voltada para conscientização e prevenção da doença, e abraçada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), emerge como uma oportunidade crucial para educar a população e promover exames preventivos. E no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS) não é diferente.

“Campanhas de informação e conscientização são importantes, espacialmente porque o câncer colorretal pode, de fato, ser prevenido. Em outros tipos de câncer, como o de mama e o de próstata, quando é descoberto um tumor, ele já é um tumor. E nos casos de câncer colorretal, com a colonoscopia, é possível detectar a lesão precursora do câncer, que é o pólipo. Ele é assintomático. Quem tem um pólipo no intestino não sente nada, não tem sangramento, não tem alterações no ritmo intestinal. Só tem uma forma de achar um pólipo, que é fazer a colonoscopia. E quando o pólipo é removido, na própria colonoscopia, essa pessoa deixa de ter o fator causador do câncer e, dessa maneira, realmente faz a prevenção. Então, a busca dessas lesões precursoras do câncer é a nossa meta, o nosso objetivo com a campanha. É preciso estimular as pessoas a fazerem suas consultas e realizar a colonoscopia nos momentos adequados”, alerta o médico Carlos Henrique Marques dos Santos, coloproctologista do Humap-UFMS.

Sintomas

Define-se por câncer um crescimento anormal das células, gerando o que chamamos de tumor. Inicialmente, a doença pode não apresentar sinais. Porém, caso apareçam, deve-se estar atento para indícios antes não perceptíveis, que persistam sem causa, como: alteração do hábito intestinal (diarreia e constipação, por exemplo); mudança do formato das fezes; sensação de nunca estar com o intestino vazio e sempre necessitando evacuar mais; sangramento nas fezes, com sangue vermelho brilhante; fezes muito escuras ou pretas; cólicas ou dor abdominal persistente; fraqueza e fadiga; perda de peso e anemia.

O público-alvo a ser investigado são pessoas acima de 50 anos, porém, não deve ser motivo de desespero, pois, algumas doenças benignas também podem surgir com sangramento, a exemplo das hemorroidas, diarreia aguda, doença inflamatória intestinal. O mais importante é procurar um médico e de preferência o especialista, que é o proctologista.

Prevenção e diagnóstico precoce

Quase sempre o câncer colorretal se inicia com um pequeno pólipo no intestino, por isso, quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor será o tratamento. “Toda a doença, quando diagnosticada precocemente, permite um tratamento mais fácil e, mais importante que isso, aumenta a chance de cura. Então, quando nós atendemos pessoas que têm a queixa de sangramento nas fezes, têm dor, já perderam peso, e aí a gente faz o diagnóstico de um câncer colorretal, claro que nós vamos fazer o tratamento, mas a chance de cura é menor, porque provavelmente já é um câncer avançado. Quando eu faço o diagnóstico mais cedo, eu posso fazer tratamentos mais simples, cirurgias menores, às vezes apenas um tratamento não cirúrgico, com quimio e radioterapia, e essa pessoa pode alcançar a cura mais facilmente”, explica o médico.

O pólipo é uma lesão que surge como uma espécie de “bolinha” no intestino, e pode ser identificado através da Colonoscopia. Portanto, o procedimento deve ser feito em qualquer pessoa com 50 anos ou mais, tendo ou não sintomas, tendo ou não histórico familiar de câncer.

Durante o exame a pessoa está sedada, logo não há dor ou desconforto. E se for encontrado pólipo, o próprio colonoscopista já poderá retirar, eliminando aquela lesão, que em alguns anos poderia se tornar um câncer.

Especial atenção devem ter pessoas com fatores de risco não modificáveis, como: histórico familiar de câncer colorretal, genética com predisposição à doença; pólipos adenomatosos no intestino; idade acima de 50 anos; e doenças inflamatórias intestinais de longa duração (mais de 10 anos).

Nos casos em que há relação genética com o surgimento da doença, a recomendação é já começar a investigação com colonoscopia a partir dos 40 anos. No caso de o indivíduo já ter a doença diagnosticada, o tratamento vai depender da localização do câncer colorretal e do grau de invasão, ou seja, se há ou não metástase e se houve aparecimento do tumor em outro órgão (fígado, pulmão, ossos e cérebro).

“Após o diagnóstico, é necessário fazer o estadiamento. Ou seja, definir se é um tumor que está apenas na parede do intestino – do intestino grosso, do reto –, ou se ele já se disseminou, se espalhou. Esse tumor pode se espalhar localmente, ou seja, ele atravessa a parede do intestino e invade um órgão vizinho. mas também pode se espalhar a distância, mandando células malignas para o fígado, para o pulmão, eventualmente para o cérebro. Então, nós fazemos exames, de imagem – tomografia, principalmente, ressonância magnética – para avaliar se o tumor está apenas no intestino, ou se ele deu metástase, se ele já se espalhou. E é com base nisso que nós vamos programar o tratamento. Quando o tumor é inicial, portanto, sem metástase, o tratamento será quase sempre cirurgia, e a gente continua acompanhando os pacientes ao longo dos anos, para verificar alguma recidiva. Mas, nos tumores mais avançados, continua sendo cirúrgico o tratamento, só que é uma cirurgia de maior porte, uma cirurgia mais agressiva, e de mais difícil recuperação. E, nesses casos mais avançados, em que a gente faz a cirurgia, muitas vezes é preciso complementar o tratamento com quimioterapia e radioterapia, por um tempo que vai variar, de acordo com a situação de cada um”, detalha o especialista.

Serviços e programação

O Humap-UFMS, 100% gratuito e integrante do Sistema Único de Saúde (SUS), conta com atendimento para diagnóstico e tratamento do câncer colorretal. Os pacientes devem ser encaminhados ao serviço por meio do sistema de regulação. Ou seja, é necessário passar pelo médico da Unidade Básica (Posto de Saúde), que fará o encaminhamento ao especialista, para exames e tratamento.

Sobre a Ebserh

O Humap-UFMS faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.




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